Ritual do Plantio da Lua

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Muito se fala dos rituais solares e processos intelectuais dentro da O.T.O. E muito se esquece dos ritos e processos mais ligados ao feminino. Isso pode levar, e geralmente leva, à visão de que a Ordo Templi Orientis é uma Ordem de aspectos masculinos. Mas não é. Ainda que, em muitos aspectos, seja uma escola (ou mais para uma faculdade) de magia, espiritualidade e misticismo, não podemos deixar de enxergar os aspectos de irmandade, os processos intuitivos, a questão da transformação da sociedade e outros que imploram por uma atuação feminina ativa, forte e funcional dentro da O.T.O.

E uma das formas de se trabalhar este fortalecimento do feminino entre as irmãs da Ordem são rituais que se liguem às características da mulher. Ritos lunares são importantes neste aspecto. E, por isso, trazemos aqui o ritual de plantio da Lua.

A menstruação sempre foi ligada aos grandes mistérios femininos. Nossas ancestrais se reuniam em locais e tempos onde aos homens não era permitida a entrada. Pelo fenômeno da sincronia dos ciclos menstruais que muitas vezes se observa em grupos de mulheres que convivem regularmente, esses tempos costumavam ser ligados e permitiam que esses mistérios fossem celebrados em conjunto em locais conhecidos, dentre outros nomes, como “tendas vermelhas”.

Nas tendas vermelhas elas se postavam de cócoras, permitindo às suas menstruações o livre corrimento, deixando-as cair na Terra-Mãe, proveniente de seus cálices sagrados. Com a terra banhada por seu mênstruo elas cantavam, contavam histórias e realizavam sua magia. Era tudo visto como um ato sagrado e libertador, de purificação e comunhão, quando recebiam em seus corações a Voz da Grande Deusa (independente do nome que recebesse). Dentro do ciclo da Deusa, estas mulheres, independente de sua idade, eram consideradas como a Anciã, quando sua magia estava transbordando, sua sabedoria iluminada por todas as Deusas e seu contato com o divino, pleno.

O plantio da Lua é um rito cíclico de agradecimento, de promover um desprender-se e se purificar e conectar-se com a Grande Mãe. Representa o final consciente de um ciclo e o entregar à Deusa o que se viveu durante a última lunação.

O Plantio da Lua é um ritual com muito pouco de instrução pois não é um rito intelectual mas algo que deve brotar do coração, da intuição, durante sua realização, podendo ser tanto coletivo quanto individual. Assim, considere o que está aqui como sugestões e não passos obrigatórios.

Este ritual é para ser feito, preferencialmente, ao ar livre, junto a um jardim ou quintal. Mas se não for possível, pode ser feito dentro de casa ou de um apartamento, junto a vasos de plantas.

O Plantio da Lua

Durante seu período menstrual, ao invés de descartar o mênstruo, colete-o (sugere-se para isso um coletor menstrual, mas pode-se também enxaguar o absorvente de pano e coletar o líquido) e o armazene em um pote de vidro com tampa, próprio para isso. O vidro deve ser consagrado para tanto e não pode ser usado para nenhum outro propósito.

Não use absorventes descartáveis para isso pois a química presente neles irá alterar as propriedades do líquido menstrual.

Quando chegar a última noite de seu período menstrual (ou, alternativamente, na primeira noite de Lua Nova) dilua o seu sangue em água limpa, na proporção de 1 porção de sangue para duas de água.

Se quiser, prepare um pequeno altar com imagens que a remetam à Grande Deusa. Enfeite com flores, cristais… Siga sua intuição.

Medite sobre sua feminilidade, fortalecendo sua conexão com o seu útero e com o útero divino da Terra. Cante, dance, ore… Siga a sua intuição.

Ajoelhe-se na terra ou junto a ela (se estiver fazendo em uma casa sem jardim ou em um apartamento), agradecendo à Mãe por tudo o que você viveu em seu último ciclo, seus aprendizados, seu crescimento; e mesmo pelo que de ruim você passou e pelas lições que tirou disso.

Despeje na terra o líquido de seu sangue diluído, visualizando o fechamento de um ciclo, emanando os seus desejos para o próximo.

Procure escutar o seu coração, tentando ouvir vindo dele a voz da Deusa, buscando ali Suas instruções para o tempo que virá.

E quem não menstrua? Pode fazer este ritual?

Muitas mulheres não menstruam; seja pela menopausa, por condições físicas ou por consumo de medicamentos. Não é por isso que elas irão perder a sua conexão com a Mãe Terra ou serem impedidas de realizar esse rito de união e percepção dos Ciclos.

Se você não menstrua, pode utilizar vinho, suco de uvas ou mesmo chá de hibisco no lugar do sangue. Em muitos aspectos, estes líquidos possuem uma simbologia próxima à do sangue. Realize o ritual a cada Lua Nova, derramando-o na terra.

Da mesma forma, homens que desejem trabalhar a sua conexão com o feminino, com a Grande Mãe e com seus próprios aspectos lunares podem usar esses substitutos derramados na Terra.


Autora: Soror Luna

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