O Grande Ritual

O rito que deu origem ao Livro da Lei

estela da revelação

Introdução

19 de Março. Eu fiz um esboço do ritual e realizei a invocação com pouco sucesso. Eu fiquei desconcertado, não apenas pelo meu ceticismo e pelo absurdo do ritual, mas por eu ter de realizá-lo usando túnica junto a uma janela aberta em uma rua ao meio dia. Ela me permitiu fazer a segunda tentativa à meia noite.

20 de Março. A invocação foi um sucesso surpreendente. Me foi dito que ‘O Equinócio dos Deuses tinha chegado’; ou seja, que uma nova época tinha começado. Eu deveria formular uma conexão entre a força solar-espiritual e a humanidade.

Aleister Crowley – O Advento do Æon de Hórus

O chamado Grande Ritual foi um rito concebido por Aleister Crowley em 1918, seguindo as orientações que Rose Kelly (Ouada) havia recebido do deus Hórus como decorrência de algumas operações mágicas simples que ele havia executado para distraí-la, mas que vieram a despertar em Rose aspectos de clarividência. Segundo ela, Crowley havia ofendido Hórus em sua briga com S. M. Mathers e, tendo este deus uma mensagem para ele, deveria invocá-lo.

O resultado final desta Invocação foi, poucas semanas depois a Escritura do Liber L vel Legis – O Livro da Lei (posteriormente, Libel AL vel Legis, após a correção do nome por C. S. Jones). Em comemoração a ela, é comum a realização deste ritual por Thelemitas durante o Equinócio de passagem solar do signo de Peixes para o de Capricórnio (seja o Equinócio de Outono no Hemisfério Sul ou o de Primavera, no Norte). Esta passagem não apenas marca o início de uma nova estação como também uma nova jornada do Sol pelo Zodíaco, constituindo o dia de ano novo zodiacal. Assim, considera-se que o Anno Novo Thelêmico corresponde ao momento desta passagem e do Equinócio, o Equinócio dos Deuses, e é comum que, ao redor do mundo, Thelemitas celebrem esse novo Anno com a realização desta adaptação do ritual que o Profeta do Novo Eon realizou.

O Ritual

O Templo

Este ritual pode ser executado dentro de um templo fechado ou a céu aberto. Crowley o realizou em seu quarto de hotel, então recomenda-se que se for em local fechado, que o aposento tenha uma janela (preferencialmente voltada para o Norte ou para o Leste), para a qual o(a) executante estará voltado(a). Em caso de ser executado em local aberto, recomenda-se que o(a) executante volte-se em direção ao Sol naquele momento.

O ritual não demanda altar, mas o local deve estar ricamente decorado, com joias e enfeites de bom gosto.

O(a) Executante

Deve estar vestido(a) com um robe branco e descalço, portando em sua mão uma espada e na outra um colar com 44 pérolas. Se possível, usar joias com diamantes (ou correlatos, como cristais de rocha brancas, zircônias etc.). Se não for possível o uso de tais joias, ao menos deve usar em si enfeites de bom gosto e que sugiram riqueza.

O Sinal de Hórus (O Entrante)

O sinal aqui mostrado é chamado de Sinal de Hórus, ou a Postura do Entrante. Representa, entre outras coisas, o avanço daquele que o executa em direção aos mundos além do Véu. Este sinal é feito de forma dinâmica. Comece com o corpo ereto e os pés juntos, cabeça em posição ereta com o olhar para a frente. Em seguida, estenda os braços para frente, com as palmas das mãos viradas para fora. Afaste, então, as mãos, como se abrisse uma cortina. Traga as mãos para junto das laterais da cabeça e, em seguida, leve-as rapidamente para a frente, na altura da cabeça e com as palmas para baixo, esticando os braços. Ao mesmo tempo, projete o pé esquerdo para a frente, inclinando-se um pouco nesta direção.

Esta postura deve ser executada sempre que o sinal [Ѓ] aparecer no texto.

O Sinal de Apophis-Typhon (O Tridente)

O sinal representando na figura abaixo é o de Apophis-Typhon. Ele é feito com o corpo ereto, os braços levemente flexionados erguidos com as mãos acima da cabeça, no mesmo plano que o corpo. A cabeça inclina-se levemente para trás, com o olhar voltado para cima.

Esta posição deve ser assumidas sempre que o símbolo [ψ] aparecer no texto.

Execução do Ritual

Abertura

O(a) executante (e todos os que estiverem presentes se houverem) bate palmas, bate os pés no chão de modo a fazer o máximo de barulho possível.

Todo o ruído cessa abruptamente e é dado o Sinal de Typhon-Apophys [ψ].

Invocação

Meu Sagrado e Divino Senhor do Aeon, Ra-Hoor-Khuit, Criança Coroada e Conquistadora: Escutai esta humilde, mas vigorosa invocação de Tua Presença: Ó, Senhor do Sol, ó Deus de Guerra e Vingança, eu, Frater/Soror [NOME ou MOTE] clamo entrar em Tua Presença e que seja Tua vontade ajudar e guardar a todos nós nesta obra de tua Arte.

[Ѓ] Tocai, tocai o acorde mestre!
Desembainhai, desembainhai a Espada Flamejante!
Criança Coroada e Senhor Conquistador, Hórus, o Vingador!

Ó, tu, da Cabeça de Falcão!
A Ti, a Ti eu invoco! [ψ]
Ó, Tu, Filho Unigênito de Osíris, Teu Pai, e Ísis, Tua Mãe. Ele, que foi dilacerado; Ela, que Te carregou a Seu ventre, fugindo do Terror das Águas.
A Ti, a Ti eu invoco! [ψ]
Ó, Tu, cujo Avental é de branco reluzente, mais branco que a Fronte da Manhã!
A Ti, a Ti eu invoco! [ψ]
Ó, Tu, que formulaste Teu Pai e fizeste fértil Tua Mãe!
A Ti, a Ti eu invoco! [ψ]
Ó, Tu, cujas vestes são da glória dourada com as hastes índigo do céu!
A Ti, a Ti eu invoco! [ψ]
Ó, Tu, que vingaste o Horror da Morte; Tu, o destruidor de Tiphon! Tu, que ergueste Teus braços e os Dragões da Morte se tornaram como pó; Tu, que ergueste Tua Cabeça e o Crocodilo do Nilo foi rebaixado diante de Ti.
A Ti, a Ti eu invoco! [ψ]
Ó, Tu, cujo Nemes encobre o Universo com a noite, o Azul impermeável!
A Ti, a Ti eu invoco! [ψ]
Ó, Tu, que viajaste no Barco de Rá, permanecendo no Timão do barco de Aftet e no barco de Sektet!
A Ti, a Ti eu invoco! [ψ]
Ó, Tu, que carregas a Baqueta de Duplo Poder!
A Ti, a Ti eu invoco! [ψ]
Ó, Tu, sobre cuja presença é derramada a escuridão da Luz Azul, a glória insondável do Éter extremo, a nunca percorrida, impensável imensidão do Espaço. Tu, que concentras todos os Trinta Aethyrs numa sombria esfera de Fogo!
A Ti, a Ti eu invoco! [ψ]
Ó, Tu, que portas a Rosa e a Cruz da Vida e da Luz!
A Ti, a Ti eu invoco! [ψ]

A Voz do Cinco. A Voz do Seis.
Onze são as Vozes.
Abrahadabra!

[Ѓ] Tocai, tocai o acorde mestre!
Desembainhai, desembainhai a Espada Flamejante!
Criança Coroada e Senhor Conquistador, Hórus, o Vingador!

Pelo teu nome, Rá, a Ti eu invoco, Falcão do Sol, o glorioso!
Pelo teu nome, Harmachis, o jovem da Manhã Brilhante, a ti eu invoco!
Pelo teu nome, Mau, a Ti eu invoco, Leão do Sol do Meio-Dia!
Pelo teu nome, Tum, Falcão da Tarde, esplendor carmesim do pôr-do-sol, a Ti eu invoco!
Pelo teu nome, Keph-Ra, a Ti eu invoco, ó, Besouro da oculta Maestria da Meia Noite!
Pelo teu nome, Heru-pa-kraat, Senhor do Silêncio, Linda Criança que se ergue nos Dragões da Profundeza, a Ti eu invoco!
Pelo teu nome, Apollo, a Ti eu invoco, ó, homem da Força e Esplendor, ó, Poeta, ó, Pai!
Pelo teu nome, Febo, que diriges Tua Carruagem através dos Céus de Zeus, a Ti eu invoco.
Pelo teu nome, Odin, a Ti eu invoco, ó, guerreiro do Norte, ó, Renome das Sagas.
Por teu nome, Yeheshua, ó, Criança da Estrela Flamejante, a Ti eu invoco!
Pelo teu próprio e secreto nome, Hoor, a Ti eu invoco!

A Voz do Cinco. A Voz do Seis.
Onze são as Vozes.
Abrahadabra!

Contemplai! Eu permaneço no Centro. Meu é o símbolo de Osíris; para Ti estão meus olhos sempre virados. Ao esplendor de Geburah, à magnificência de Chesed, ao mistério de Daath, a isto eu ergui meus olhos.
A isto eu busquei, e eu busquei a Unidade: escutai a mim!
Minha é a Cabeça do Homem, e minha percepção é afiada como a do Falcão.
Pela minha cabeça, a Ti eu invoco!
Eu sou o primogênito, filho do meu Pai e de minha Mãe.
Pelo meu corpo, a Ti eu invoco!
Sobre mim brilham os Diamantes de Radiância branca e pura.
Pelo seu brilho, a Ti eu invoco.
Meu é o Triângulo Vermelho Invertido, o sinal dado de ninguém, a não ser de Ti, ó, Senhor!
Pelo Lamen, a Ti eu invoco!
Minhas são as vestes de branco costuradas com ouro, o abbai reluzente que Eu visto.
Pelo meu robe a Ti eu invoco!
Meu é o Sinal de Apophis e Tiphon!
Pelo sinal, a Ti eu invoco!
Meu é o turbante branco e dourado, e meu é o vigor azul do ar íntimo!
Pela minha coroa, a Ti eu invoco!
Meus dedos viajam nas Contas de Pérola; então Eu corro Eu atrás de Ti no Teu carro de glória.
Pelos meus dedos, a Ti eu invoco!
Eu porto a Baqueta de Duplo Poder na Voz do Mestre — Abrahadabra!
Pela Palavra, a Ti eu invoco!
Minhas são as ondas de música negras e azuladas na canção dos tempos que Eu fiz para invocar a Ti —

[Ѓ] Tocai, tocai o acorde mestre!
Desembainhai, desembainhai a Espada Flamejante!
Criança Coroada e Senhor Conquistador, Hórus, o Vingador!

Pela canção, a Ti eu invoco!
Em minhas mãos está a Espada da Vingança; que ela golpeie a Teu comando!
Pela Espada, a Ti eu invoco!

A Voz do Cinco. A Voz do Seis.
Onze são as Vozes.
Abrahadabra!

Minha é a cabeça do Falcão!
Abrahadabra! [ψ]
Eu sou o filho único de Osíris, Meu Pai, e Ísis, Minha Mãe. Ele que foi dilacerado; Ela que Me carregou em Seu ventre, fugindo do Terror das Águas.
Abrahadabra! [ψ]
Tu, cujo Avental é de branco reluzente, mais branco que a Fronte da Manhã!
Abrahadabra! [ψ]
Eu formulei Meu Pai e fiz fértil Minha Mãe!
Abrahadabra! [ψ]
Minhas são vestes de glória dourada com as barras índigo do céu!
Abrahadabra! [ψ]
Eu vinguei o Horror da Morte, eu sou o destruidor de Tiphon! Eu ergui Meus braços e os Dragões da Morte se tornaram como pó; Eu ergui Minha Cabeça, e o Crocodilo do Nilo foi rebaixado diante de Mim!
Abrahadabra! [ψ]
Minha Nemes encobre o Universo com a noite, o Azul impermeável!
Abrahadabra! [ψ]
Eu viajo no barco de Rá, permanecendo no leme do barco de Aftet e no barco de Sektet!
Abrahadabra! [ψ]
Diante de Minha presença é derramada a escuridão da Luz Azul, a glória insondável do Éter extremo, a nunca percorrida, impensável imensidão do Espaço. Eu concentro todos os Trinta Aethyrs numa sombria esfera de Fogo!
Abrahadabra! [ψ]

[ψ] Então Eu digo a Ti: Vinde adiante e habita conosco; de modo que cada espírito do Firmamento, ou do Éter, ou da Terra ou debaixo da Terra; na terra seca ou na Água, no Ar Rodopiante ou no Fogo precipitado; e todo encanto e flagelo do Deus, o Vasto Uno, possam ser TEUS!

Abrahadabra!

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