Ritual de Solstício de Inverno

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Preparação

O Templo

No Centro do Templo encontra-se o Altar. O(a) Oficiante posiciona-se ao Sul deste, virando-se para o Norte. O(a) Cantor(a) coloca-se a Oeste do Templo, virando-se para o Leste.

O Altar

Deve estar coberto por um pano negro. Sobre ele, uma guirlanda de galhos de pinheiro. No centro, uma vela grande, de cor amarela, ou branca e ornada de amarelo ou dourado, acesa. Quatro velas brancas simples, cada uma marcada com um símbolo dos Quatro Elementos posicionam-se em cruz à sua volta, no seguinte arranjo:

  • Ao Norte: Terra
  • Ao Sul: Fogo
  • Ao Leste: Ar
  • Ao Oeste: Água

Sobre o Altar também devem estar um sino e um Cálice com vinho tinto.

O(a) Oficiante

Veste-se em tons solares (amarelo, vermelho, laranja etc.) mas traz uma capa negra cobrindo o seu corpo.

O(a) Cantor(a)

Veste-se de branco simples. Traz um adorno de características solares sobre o coração.

Cada participante deve ter em mãos um pedaço de papel com o que deseja que seja deixado para trás em sua vida.

O Ritual

O(a) Oficiante abre o ritual com uma execução do Ritual Menor do Pentagrama, com Invocação do Fogo. Ao terminar, executa os Sinais de NOX enquanto vibra AUMGN.

Oficiante: Oremos. Ó Mãe de Vida, teus frutos colhemos com alegria e nossos corpos se fortaleceram. Mas nosso Pai, o Sol, escondeu Sua face e seu calor não mais sentimos. Possamos acompanhar Seu rumo pelas entranhas daquela Eternamente Estrelada.

Todos, liderados pelo(a) Cantor(a): Tahuti, não descuida de Tua vigília! Ra-Hoor, mantém firme Tua mão ao leme! Seth, mantém com Tua Lança Apophis ao largo! Ó, Rá, nosso Pai, nossas almas navegam contigo em tua barca Mesektet pela Escuridão da Noite das Estações!

Todas as luzes do local devem ser apagadas, exceto pela vela queimando no Altar, enquanto o(a) Cantor(a) entoa repetidamente, até que o Templo esteja em escuridão:

Cantor(a): Noite, noite sobre nós. Pai, ó, Pai, por quê nos abandonaste?

O(a) Oficiante bate o sino em 333-55555-333.

Oficiante: Irmãs e Irmãos, hoje celebramos a Mais Longa Noite. É hora de olharmos para trás e avaliarmos a colheita realizada e as ações de nossos corações. Que nossos celeiros possam ter recebido o grão que nos sustentará. Que nossos corações sejam mais leves que a Pena de Ma’at.

O(a) Oficiante bate o sino em 333-333-333-333, de forma lenta e solene, enquanto circula o altar uma vez em sentido anti-horário.

Oficiante: Lembremo-nos agora do que foi perdido e dos que já se foram. O que ficou para trás deve ser deixado no frio da Noite.

Todos tomam em sua mão direita o papel como que desejam deixar para trás e o levam até a vela no Altar. O papel deve queimar e ser colocado no Cálice com o vinho.

Ao final, o Oficiante toma o Cálice e mistura as cinzas e o vinho.

Oficiante: Ó, Morte, a ti não tememos pois Tu és a Coroa de Tudo. Tu és paz indescritível, repouso e êxtase. Não há Deus onde estou e o Conhecimento da Morte é também o Conhecimento da Vida.

O(a) Oficiante bebe o vinho misturado às cinzas do que passou.

Oficiante: Mas se na Vida está a semente da Morte, na Morte também está a semente da Vida. Se nosso Pai oculta sua face, também prepara seu glorioso renascer do Ventre de sua Mãe, Irmã e Amante, a Terra. Invoquemos os Quatro Elementos.

O(a) Oficiante vai para o Leste assume a postura do Sinal Elemental do Ar.

Cantor(a): “Espírito de sabedoria, cujo sopro dá e retoma a forma de todas as coisas; tu, diante de quem a vida dos seres é uma sombra que muda a um vapor que passa; tu, que sobes às nuvens e que caminhas nas asas dos ventos; tu, que expiras, e os espaços sem fim são povoados; tu, que aspiras, e tudo o que de ti vem a ti volta: movimento sem fim na estabilidade eterna, sê eternamente bendito. Nós te louvamos e te bendizemos no império móvel da luz criada, das sombras, dos reflexos e das imagens, e aspiramos incessantemente à tua imutável e imperecível claridade. Deixa penetrar até nós o raio da tua inteligência e o calor do teu amor: então o que é móvel ficará fixo, a sombra será um corpo, o espírito do ar será uma alma, o sonho será um pensamento. E nós não seremos mais arrastados pela tempestade, porém seguraremos as rédeas dos cavalos alados da manhã e dirigiremos o curso dos ventos da tarde, para voarmos diante de ti. Ó espírito dos espíritos, ó alma eterna das almas, ó sopro imperecível de vida, ó suspiro criador, ó boca que aspiras e expiras a existência de todos os entes, no fluxo e refluxo da tua eterna palavra, que é o oceano divino do movimento e da verdade. Amém.”

O(a) Oficiante acende a Vela do Ar na vela central.

Oficiante: Que assim seja! [Sinal do Entrante]

O(a) Oficiante vai para o Oeste assume a postura do Sinal Elemental da Água.

Cantor(a): “Rei terrível do mar, vós que tendes as chaves das cataratas do céu e que encerrais as águas subterrâneas nas cavernas da terra; rei do dilúvio e das chuvas da primavera, a vós que abris as nascentes dos rios e das fontes, a vós que ordenais à umidade, que é como que o sangue da terra, a tornar-se seiva das plantas, nós vos adoramos e vos invocamos. A nós, vossas móveis e variáveis criaturas, falai-nos nas grandes comoções do mar, e tremeremos diante de vós; falai-nos também no murmúrio de límpidas águas, e desejaremos o vosso amor. Ó imensidade na qual vão perder-se todos os rios do ser, que sempre renascem em vós! Ó oceano das perfeições infinitas! Altura que vos mirais na profundidade; profundidade que exalais na altura, levai-nos à verdadeira vida pela inteligência e pelo amor! Levai-nos à imortalidade pelo sacrifício, a fim de que sejamos considerados dignos de vos oferecer, um dia, a água, o sangue e as lágrimas, para remissão dos erros. Amém.”

O(a) Oficiante acende a Vela da Água na vela central.

Oficiante: Que assim seja! [Sinal do Entrante]

O(a) Oficiante vai para o Sul e assume a postura do Sinal Elemental do Fogo.

Cantor(a): “Imortal, eterno, inefável e incriado pai de todas as coisas, que és levado no carro sem cessar rodante dos mundos que giram sempre; dominador das imensidades etéreas, onde está ereto o trono do teu poder, e cima do qual teus olhos formidáveis descobrem tudo e teus belos e santos ouvidos escutam tudo, atende aos teus filhos, que amaste desde o nascimento dos séculos; porque a tua dourada, grande e eterna majestade resplandeça acima do mundo e do céu das estrelas; estás elevado acima delas, ó fogo faiscante; aí, tu te acendes e te conservas a ti mesmo pelo teu próprio esplendor, e saem da tua essência regatos inesgotáveis de luz, que nutrem teu espírito infinito. Este espírito infinito alimenta todas as coisas e faz este tesouro inesgotável de substância sempre pronta à geração que elabora e que se apropria das formas de que a impregnaste desde o princípio. Deste espírito tiram também sua origem estes reis mui santos que estão ao redor do teu trono e que compõem a tua corte, ó pai universal! Ó único! Ó pai dos felizes mortais e imortais. Criaste, em particular, potências que são maravilhosamente semelhantes ao teu eterno pensamento e à tua essência adorável; tu as estabeleceste superiores aos anjos, que anunciam ao mundo as tuas vontades; enfim, nos criaste na terceira ordem no nosso império elementar. Aqui, o nosso contínuo exercício é louvar e adorar os teus desejos; aqui, ardemos incessantemente aspirando a possuir-te. Ó pai! Ó mãe! Ó mais terna das mães! Ó arquétipo admirável da maternidade e do puro amor! Ó filho, flor dos filhos! Ó forma de todas as formas, alma, espírito, harmonia e número de todas as coisas! Amém.”

O(a) Oficiante acende a Vela do Fogo na vela central.

Oficiante: Que assim seja! [Sinal do Entrante]

O(a) Oficiante vai para o Norte e assume a postura do Sinal Elemental da Terra.

Cantor(a): “Rei invisível, que tomastes a terra para apoio e que cavastes os seus abismo para enchê-los com a vossa onipotência; vós, cujo nome faz tremerem as abóbadas do mundo, vós que fazeis correr os sete metais nas veias das pedras, monarca das sete luzes, remunerador dos operários subterrâneos, levai-nos ao ar desejável e ao reino da claridade. Velamos e trabalhamos sem descanso, procuramos e esperamos, pelas doze pedras da cidade santa, pelos talismãs que estão escondidos, pelo cravo de ímã que atravessa o centro do mundo. Senhor, Senhor, Senhor, tende piedade dos que sofrem, desabafai os nossos peitos, desembaraçai e elevai as nossas cabeças, engrandecei-nos. Ó estabilidade e movimento, ó dia envolto de noite, ó obscuridade coberta de luz! Ó senhor, que nunca retendes convosco o salário dos vossos trabalhadores! Ó brancura Argentina, ó esplendor dourado! ó coroa de diamantes vivos e melodiosos! Vós que levais o céu no vosso dedo, com um anel de safira, vós que escondeis em baixo da terra, o reino das pedrarias, a semente maravilhosa das estrelas, vivei, reinai e sede o eterno dispensador das riquezas de que nos fizestes guardas. Amém.”

O(a) Oficiante acende a Vela da Terra na vela central.

Oficiante: Que assim seja! [Sinal do Entrante]

Oficiante: Oremos. Ó Espíritos Elementais, a Vós invocamos em Tua força e Tua Graça. Possam as energias sagradas que herdastes de nossas Santas Mães, a Terra e a Noite Estrelada, reviverem a Glória do Sol. Que o Pai se torne o Filho, e o Filho se torne novamente o Amante.

Todos, liderados pelo(a) Cantor(a): Na mais Negra Noite reside o mais Brilhante Dia. Segue o Tempo continuamente em seu Ciclo, qual Vida e Morte se renovam eternamente para nossas almas. Ó, Pai Eterno, nós alimentamos a Semente que jaz no útero da Mãe. Tahuti, Ra-Hoor, Seth, tragam da Noite das Estações nosso Pai, Rá, em segurança!

O(a) Oficiante executa os Sinais de L.V.X. enquanto vibra AUMGN.

Oficiante: Que o Brilho e a Força a todos alcance! Possa o Sol renascer e as flores brotarem novamente! Ó, Pai, teu retorno aguardamos para que, como Tu, possamos trazer as bênçãos de Luz e Vida, de Sustento e Alegria, àqueles que giram à nossa volta. Amém!

O(a) Oficiante remove a capa preta que o cobria e começa a acender novamente as luzes do Templo, enquanto o(a) Cantor(a) entoa:

Cantor(a): Luz! Vida ao amanhecer! Pai, ó, Pai, a Ti nós aguardamos!

O(a) Oficiante bate o sino em 333-55555-333

Oficiante: Que agora possamos olhar para a frente, livres de todo peso do passado, Voltemos nossas mentes para os desejos do futuro, de acordo com nossa Vontade.

O(a) Oficiante bate o sino em 333-333-333-333, de forma alegre, enquanto circula o altar uma vez em sentido horário.

Oficiante: Faze o que tu queres será o todo da Lei.

Todos: Amor é a lei, amor sob vontade.

Todos se retiram.

Anexos

Símbolos dos Elementos

Pentagrama de Invocação do Fogo

Sinais de N.O.X

Puer
Vir
Puella
Mullier
Ísis Regozijante

Sinais dos Elementos

Ar
Água
Fogo
Terra

Sinais de L.V.X.

Osíris Morto
Ísis Lamentante
Typhon
Osíris Ressurrecto

Nota

As Orações dos Elementos foram retiradas do “Dogma e Ritual da Alta Magia”, de Eliphas Levi.


Autoria: Frater Nihil

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