Qliphot: O Lado Reverso da árvore da Vida

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As Qliphot (QLYPWTh) são a sombra da árvore da Vida (Otz Chiim) e são os aspectos negativos das Sephirot (SPYRWTh). A palavra Qliphot é derivada da palavra hebraica “qeliphot” significando concha, casca ou escudo. Qliphot é o plural de Qlipha – “mulher indescente” .

A 11ª Sephira DAATH (Conhecimento), que está localizada no Abismo, é uma ponte para outro mundo, é a ponte para a árvore Invertida ou Reino de Qliphot (“escudo dos mortos”). Daath é o reino do arqui-demônio Choronzon, o Demônio da Dispersão, e as Qliphot que vem a seguir são um grande reflexo desta Dispersão.

Cada Sephira tem uma enfermidade ou vício associados com ela, sendo a Qlipha um correspondente desordenado ou enfermo de cada Sephira. As Qliphot podem ser definidas assim como áreas sombrias da Árvore Vida aonde você sente uma constante sensação de desconforto. Em Inglês enfermidade se diz “disease”, palavra derivada do termo “dis-ease” que significa des-conforto (desconforto). Se aprendemos, durante nossas projeções pela Árvore da Vida, as lições que cada Sephira nos ensina, ficamos confortáveis, mas se não aprendemos devidamente isto nos causa uma sensação de desconforto que nos puxa para o reino de Qliphot. No dia-a-dia, a depressão, a tristeza, o álcool, as drogas e as bebidas em demasia, e todo e qualquer aspecto negativo podem nos puxar para o Reino de Qliphot. É quando estamos mais deprimidos que estamos mais suscetíveis a ataques psíquicos que nos levam ao reino da escuridão.

É através da ponte Daath que chegamos aos 22 túneis qliphoticos, devidamente guardados por 22 sentinelas, que nos levam às 10 Qliphot.

As Qliphot (antagônicas às Sephirot) são compostas por 10 Qlipha (antagônicas à Sephira):

QLIPHADEMÔNIO QLIPÓTHICOFORMA EXTERIORARQUI-DEMÔNIOSIGNIFICADODESCRIÇÃOPODER
1THAUMIEL
HB*: ThAMAL
CATHARIEL
HB:ChThAVRAL
SATAN OU
MOLOCH
HB:ShTN
Gêmeos de Deus, as duas forças em lutaUm bicéfalo com duas cabeças gigantesDivisão
2GHOGIEL
HB: ChGAYDAL
GHOGIEL
HB:GChGYAL
BEELZEBUB OU
ADAM BELIAL
HB:Ba’aLZBVB OU
HB:ADM BLYa’aL
EstorvosGigantes negros entrelaçados com serpentesLimitação
3SATARIEL
HB: SThRAL
SHEIRIEL
HB:Sha’aYRAL
LUCIFUGIO OcultoGigantesca cabeça vendada, com chifres e olhos medonhos.Interferência
4AGSHEKLOH
HB: GMChKVTh
AZARIELASTAROTH
HB:a’aShThRTh
O DestruidorGigantes PretosAgitação
5GOLOHAB
HB: GVLAB
USIEL
HB:AShYAL
ASMODEUSOs incendiáriosFormas com enormes cabeças negras, algumas vezes parecidas com vulcões em erupção.Agressão, Violência
6TAGIRION
HB: ThVGRYRYM
ZAMIEL
HB:ZMHAL
BELPHEGOR
HB:BLPGR
O LitígioDisputaDiscussão
7HARAB SERAPEL
HB: Ha’aRB ShRPAL
THEUMIEL
HB:TVMAL
BAAL OU
TUBAL CAIN
HB:Ba’aL OU
HB:ThVBL QYN
O Corvo da DestruiçãoDesejo, GulaDispersão
8SAMAEL
HB: ShMAL
THEUNIEL
HB:TVNAL
ADRAMELECH
HB:ADRMMLK
Veneno de DeusAmarelo sem vidaDecepção, Heresia
9GAMALIELOGIELLILITH
HB:LYLYTh
O Obsceno; O ObscuroHomen-TouroObscenidade
10NEHEMOTH OU
LILITH

HB:NAMVTh OU
HB:LYLYTh
NAHEMA
HB:NHMH
Rainha da Noite.Mulher que muda a sua aparência de bela a bestial.

*HB = Hebraico

As duas primeiras Qliphot são a ausência de forma visível de organização. A terceira Qlipha é a residência da escuridão. As outras sete Qliphot são ocupadas por demônios que representam vícios humanos encarnados, e torturam aqueles que têm viciado a si mesmos na vida terrena.

Os correspondentes Qlipothicos de Ain, Ain Soph e Ain Soph Aur são:

OTZ CHIIMQLIPHOTSIGINIFICADO QLIPHÓTICO
AINQEMETIELCOROAS DOS DEUSES
AIN SOPHBELIALSEM DEUS
AIN SOPH AURATHIELINCERTEZA

QEMETIEL, BELIAL e ATHIEL são os três grandes véus da escuridão.

A Árvore Qliphótica possui 22 túneis antagônicos aos 22 caminhos da Otz Chiim (Árvore da Vida), os túneis são guardados por 22 sentinelas (nomes retirados do Liber Arcanorum [231] de Crowley):

TÚNELSENTINELADISTORÇÃO
11AmprodiasDistorção do “Louco”.
12BaratchialDistorção do “Mago”.
13GargophiasDistorção da “Sacerdotisa”.
14DagadgielDistorção da “Imperatriz”.
15HemethterithDistorção da “Estrela”.
16UriensDistorção do “Hierofante”.
17ZamradielDistorção dos “Amantes”.
18CharacithDistorção do “Carro”.
19TemphiothDistorção da “Luxúria”.
20YamatuDistorção do “Eremita”.
21KurgasiaxDistorção da “Roda da Fortuna”.
22LafcursiaxDistorção da “Justiça”.
23MalkunofatDistorção do “Enforcado”.
24NiantielDistorção da “Morte”.
25SaksaksalimDistorção da “Arte”.
26A’ano’ninDistorção do “Diabo”.
27ParfaxitasDistorção da “Torre”.
28TzuflifuDistorção do “Imperador”.
29QulielfiDistorção da “Lua”.
30RaflifuDistorção do “Sol”.
31ShalicuDistorção do “Eon”.
32ThantifaxathDistorção do “Julgamento”.

Assim como os 22 trunfos do Tarô que esquematizam a jornada do Louco em sua evolução, os 22 túneis podem representar uma involução ou serem apenas reflexos negativos de caminhos mal trilhados.

As Qliphot estão dispostas em 7 Palácios, 7 Terras e 7 Infernos, ainda que todos estes incluam 10.

As 7 Terras são estados de consciência que envolvem o homem em diferentes momentos. Thebel é considerada a terra mais perfeita, mas é a que conduz aos mundos menos perfeitos, e para a desagregação final de Aretz, a terra mais afastada do presente. As 7 Terras são tidas como as 7 cabeças qliphóticas de onde uma 8 se ergue (Chaled).

Os 7 Infernos ou 7 Habitações Infernais, são as experiências que a pessoa terá atravessando as 7 terras imperfeitas.

Segundo Tabela do 777:

– CIV –
As 10 Terras em 7 palácios
– CV –
Português da Col. CIV
– CVI –
Os 10 Infernos em 7 Palácios
– CVII —
Tradução dos Infernos
0
1AretzTerra seca, desagregadaSheolCova. Profundidades da terra
2
3
4AdamahTerra vermelhaAbaddonPerdição
5GiaSolo onduladoBar ShachathLama da morte
6NeschiahPastoTiharionCova da destruição
7TziahTerra arenosa ou desertaShaarimothPortas da morte
8AreqaTerraTzelmothSombra da morte
9Thebel ouTerra ÚmidaGehinnonInferno
10Chaled

Em termos práticos, o homem pode assumir os arquétipos demoníacos qliphóticos em sua vida diária, e podemos comprovar isto com tantos absurdos dantescos que ocorrem praticamente na frente de nossos olhos como assassinatos, incestuosidades, pedofilias, e tantos outros absurdos que são feitos a outros seres “contra” as suas vontades. E são realidades mais comuns do que imaginamos.

Nem é preciso de atitudes tão radicais para que se exteriorize as Qliphot. Para estarmos no domínio do aspecto negativo, mesmo um vício que te corrói, um estado depressivo, um freqüente desgosto consigo mesmo pode nos puxar para uma não-vida, uma não-evolução, a pessoa apenas sobrevive e não vive plenamente, não se conhece, só tem vontade de dar cabo da própria vida ou se auto-ilude vivendo mediocremente achando que tudo está bem, e vivendo abaixo do que deveria.

Fora os ataques ataques psíquicos que tão bem descrevia Dion Fortune, se não estamos bem com nós mesmos é difícil fugirmos da influência de outros sobre nós, que quase nunca são para o nosso bem.

Malkuth sendo o Reino, a própria Terra, o nosso mundo, como podemos comprovar diariamente é um mundo de extremos, e sendo de extremos aos quais vulgarmente conhecemos como “bem” e “mal”, que convivem lado a lado. Digo vulgarmente, levando em conta que bem e mal geralmente correspondem na realidade ao ponto de vista de cada um. Céu e Inferno são aqui.

A partir do momento em que temos o tão questionável “livre-arbítrio”, estamos sujeitos ou a vivermos felizes exercendo nossas Verdadeiras Vontades ou em uma sub-vida escolhendo apenas caminhos errados, levados pelo acaso e vivendo num mundo de ilusões, quando na pior das hipóteses não se pode contar nem consigo mesmo.


Autora: Soror Agarah

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