Mini Missa para Casais

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Este ritual é um derivado da Missa Gnóstica, Liber XV, adaptado para ser executado por apenas duas pessoas, aqui referidas como “casal”. Os papéis aqui são descritos como “LINGAM” e “YONI” mas não necessariamente precisam ser executados por, respectivamente, alguém de gênero masculino ou feminino. Ambos podem ser executados por qualquer pessoa.

Lembrando que este rito não visa substituir o Liber XV e, ainda que se baseie no mesmo, possui dinâmica distinta e lida com energias distintas.

Atenção: este não é um ritual oficial da O.T.O. ou da E.G.C., tendo sido desenvolvido por membros da Ordem.

1. O Templo

Esta Mini Missa foi criada para ser executada em templos domésticos particulares, ainda que possa ser executada publicamente. Assim, o material de templo é o mínimo essencial.

  1. Altar voltado para o Oeste, preferencialmente coberto por tecido vermelho.
  2. Sobre o Altar:
    1. Incenso,
    2. Vela,
    3. Uma flor vermelha (idealmente, uma rosa),
    4. Recipiente com água,
    5. Recipiente com sal,
    6. Estela da Revelação,
    7. Um Cálice com vinho tinto,
    8. Livro da Lei,
    9. Sino.

2. Os Oficiantes

LINGAM: representativo do elemento solar, masculino, ativo, criador. Pode ser de qualquer sexo. Veste trajes brancos (idealmente, um robe). A nudez também é uma opção. Porta uma Baqueta.

YONI: representativa do elemento lunar, feminino, passivo, gerador. Pode ser de qualquer sexo. Veste trajes com as cores branca, azul e dourado (idealmente, um robe branco com elementos azuis e dourados afixados). Leva um véu negro sobre os ombros. A nudez também é uma opção. Na cintura, um cinto ou similar de cor vermelha. Presa ao cinto, uma adaga. Porta uma pátena com uma hóstia (idealmente, um Bolinho de Luz, caso não seja possível, um pequeno pedaço de pão).
Nota: caso seja feita uma execução pública deste ritual, pode-se ter, como opção, uma quantidade de hóstias suficiente para todos os presentes.

Em todos os momentos em que suas mãos estiverem livres, o LINGAM deve manter as mãos em formato de figa à altura do peito, e a YONI as mãos juntas em formato de prece, à altura do peito, apenas com as pontas dos dedos e pulsos se tocando.

3. O Ritual

AMBOS (LINGAM e YONI) postam-se frente ao altar, virados para Oeste, portando suas Armas. O LINGAM segura a Baqueta com as duas mãos, junto ao peito. A YONI segura a Pátena com as duas mãos, junto ao baixo ventre.

LINGAM: Faze o que tu queres será o todo da Lei.

Ambos: Nós proclamamos a Lei de Luz, Vida, Amor e Liberdade em nome de IAO & OAI.

YONI/TODOS: Amor é a lei, amor sob vontade.

Eles se voltam um para o outro, na recitação do Credo.

AMBOS: Eu creio em um SENHOR secreto e inefável; e em uma Estrela na companhia das Estrelas, de cujo fogo nós somos criados e para o qual nós retornaremos, e em um Pai de Vida, Mistério do Mistério, em Seu nome CHAOS, o único vice regente do Sol sobre a Terra; e em um Ar, o nutridor de tudo o que respira. E eu em creio em uma Terra, a Mãe de todos nós, e em um Ventre no qual todos os Homens são gerados, e onde eles descansarão, Mistério do Mistério, em Seu nome, BABALON. E eu creio na Serpente e no Leão, Mistério do Mistério, em Seu nome, BAPHOMET. E eu creio em uma Igreja Gnóstica e Católica de Luz, Vida, Amor e Liberdade; a Palavra cuja Lei é THELEMA. E eu creio na comunhão dos Santos. E, assim como a comida e a bebida são diariamente transmutados em nós em substância espiritual, eu creio no Milagre da Missa. E eu confesso um Batismo de Sabedoria pelo qual nós realizamos o Milagre da Encarnação. E eu confesso minha vida una, individual e eterna, que foi, e é, e será. AUMGN AUMGN AUMGN!

A YONI coloca a Pátena sobre o Altar e desembainha sua Adaga, fazendo com ela, em frente ao rosto do LINGAM, um desenho de três voltas e meia no ar, em formato serpentino. Em seguida, faz em frente ao rosto do LINGAM três cruzes, dizendo:

YONI: Pelo poder do ferro (✠) eu te digo: faze! Em nome de Nosso Senhor, o Sol (✠), de Nossa Senhora, a Terra (✠), que tu possas fecundar.

O LINGAM dá à YONI o Sinal de Saudação. Ela responde da mesma forma. Ele, então, dá à YONI sua Baqueta e ajoelha-se frente a ela.

LINGAM: Eu sou um homem entre os homens.

O LINGAM ergue-se e toma de novo a Baqueta, virando-a para baixo e retornando à posição inicial.

LINGAM: Como posso ser digno do poder e da honra de fecundar?

A YONI volta-se para o Altar e mistura o sal na água.

YONI: Que o sal da Terra exorte a água a carregar a virtude do Grande Mar. (Genufleta.) Mãe, se tu adorada.

A YONI vira-se para o LINGAM e, molhando seus dedos na água consagrada, faz três cruzes nele, sobre a fronte, o peito e todo o corpo.

YONI: Seja tu o Phallus puro de corpo e alma!

Ela, então, volta-se novamente para o Altar e acende o Incenso.

YONI: Possam o Fogo e o Ar fazerem doce o mundo! (Genufleta.) Pai, sê tu adorado.

A YONI vira-se para o LINGAM e, segurando o incenso em sua mão, faz três cruzes nele, sobre a fronte, o peito e todo o corpo.

YONI: Seja tu o Phallus ardente de corpo e alma!

Em seguida, recoloca o incenso sobre o Altar.

A YONI abraça o LINGAM, dizendo:

YONI: Seja a chama do Sol teu ambiente, oh tu, Ministro do Sol!

Em seguida, ela coloca as duas mãos sobre a fronte do LINGAM, com os polegares juntos tocando o centro da testa dele. E diz:

YONI: Seja a Serpente a tua coroa, oh tu, Ministro do Senhor!

O LINGAM oferece à YONI a Baqueta em riste, segurando-a pela parte de baixo com as duas mãos. Ela corre com suas mãos a Baqueta 11 vezes, gentilmente. Ao terminar, ela ergue ambos os braços.

YONI/TODOS: Esteja o SENHOR presente entre nós!

LINGAM: Que assim seja!

O LINGAM entrega a Baqueta à YONI, que a segura com as duas mãos. Ele coloca suas mãos por sobre as dela, de modo que ambos segurem a Baqueta. Ambos olham para a Estela.

LINGAM: A Ti a quem adoramos, nós também invocamos. Pelo poder da Baqueta…

Ambos erguem a Baqueta e a abaixam. O LINGAM olha nos olhos da YONI e diz:

LINGAM: …eu, Sacerdote e Rei, te Reconheço, Virgem Pura e Sem Mácula. Eu te Vejo. Eu te Escuto. Eu te Toco e te Sinto. Eu te coloco no Ápice da Terra.

A YONI agora põe-se de costas para o Altar. O LINGAM coloca-se voltado de frente para ela. Ela pega o Livro da Lei do Altar e o coloca aberto em seu peito com suas duas mãos, formando um triângulo descendente com os polegares e os indicadores.

Ele molha os dedos na água consagrada e traça cinco cruzes, testa, ombros e quadris. Em seguida, toma o incenso e faz o mesmo com este, recolocando-o depois no Altar.

O LINGAM beija O Livro da Lei três vezes. Ele ajoelha para um espaço de adoração, com as mãos unidas, dedos fechados, polegares na posição supracitada. Ela devolve o Livro ao Altar. Em seguida, toma a Baqueta e traça com ela três círculo à frente do rosto da YONI. Ele se ajoelha sobre ambos os joelhos.

LINGAM: Esteja a SENHORA presente entre nós!

YONI/TODOS: Que assim seja!

A YONI cobre sua cabeça e rosto com o véu.

LINGAM: Oh, círculo de Estrelas do qual nosso Pai é somente o irmão mais jovem, maravilha além da imaginação, alma do espaço infinito, diante de quem o Tempo é Envergonhado, a mente desnorteada e o entendimento obscurecido, a ti não podemos alcançar a não ser que Tua imagem seja Amor. Então, pela semente e raiz e caule e broto e folha e flor e fruto nós Te invocamos. Então o sacerdote respondeu & disse à Rainha do Espaço, beijando suas amáveis sobrancelhas, e o orvalho de sua luz banhando seu corpo inteiro em um perfume adocicado de suor: Ó Nuit, contínua do Céu, que seja sempre assim; que homens não falem de Ti como Uma mas como Nenhuma; e que não falem de ti de modo algum, uma vez que tu és contínua!

YONI: Mas amar-me é melhor do que todas as coisas: se sob as estrelas noturnas no deserto tu neste momento queimas meu incenso ante mim, invocando-me com um coração puro, e a chama da Serpente aí, tu virás um pouco a deitar em meu seio. Por um beijo tu estarás querendo dar tudo; mas aquele que der uma partícula de pó perderá tudo naquela hora. Vós reunireis bens e provisões de mulheres e especiarias; vós trajareis ricas joias; vós excedereis as nações da terra em esplendor & orgulho; mas sempre no amor de mim, e então vós vireis à minha alegria. Eu vos ordeno seriamente a vir ante mim em um robe único e coberto com uma rica coroa. Eu vos amo! Eu vos desejo! Pálido ou púrpura, velado ou voluptuoso, Eu que sou toda prazer e púrpura, e embriaguez do mais íntimo sentido, vos desejo. Colocai as asas e despertai o esplendor enrodilhado dentro de vós: vinde a mim! A mim! A mim!Cantai a arrebatadora canção de amor a mim! Queimai perfumes a mim! Vesti joias a mim! Bebei a mim, pois Eu vos amo! Eu vos amo! Eu sou a filha de pálpebras azuis do Ocaso; Eu sou o brilho nu do voluptuoso céu noturno. A mim! A mim!

O LINGAM se ajoelha apenas com o joelho esquerdo no chão e diz:

LINGAM: Oh, segredo dos segredos que estás oculto no ser de tudo que vive, a Ti não adoramos pois aquele que adora é também Tu. Tu és Aquilo e Aquilo sou Eu. Eu sou a chama que queima em todo coração do homem e no núcleo de toda estrela. Eu sou Vida e o doador da Vida, no entanto, o conhecimento de mim é o conhecimento da morte. Eu estou só: não há Deus onde Eu estou.

YONI: Mas vós, ó meu povo, erguei-vos & acordai! Sejam os rituais corretamente executados com alegria & beleza! Existem rituais dos elementos e festas dos tempos. Uma festa para a primeira noite do Profeta e sua Noiva! Uma festa para os três dias de escrita do Livro da Lei. Uma festa para Tahuti e as crianças do Profeta — segredo, Ó Profeta! Uma festa para o Supremo Ritual e uma festa para o Equinócio dos Deuses. Uma festa para o fogo e uma festa para a água; uma festa para a vida e uma festa maior para a morte! Uma festa todo dia em vossos corações na alegria de meu arrebatamento! Uma festa toda noite para Nu e o prazer do máximo deleite!

O LINGAM se põe de pé e diz:

LINGAM: Tu que és Um, nosso Senhor no Universo, o Sol, nosso Senhor em nós mesmos cujo nome é Mistério do Mistério, ser extremo cuja radiância iluminando os mundos é também o sopro que faz cada Deus e mesmo a Morte tremerem ante Ti — Pelo Sinal da Luz (✠ com a Baqueta) aparece glorioso sobre o trono do Sol. Faz aberto o caminho da criação e da inteligência entre nós e nossas mentes. Ilumina nosso entendimento. Encoraja nossos corações. Que tua luz se cristalize em nosso sangue, concedendo-nos Tua Semente.

A ka dua
Tuf ur biu
Bi a’a chefu
Dudu nur a an nuteru.

YONI: Não existe lei além de Faze o que tu queres.

A YONI se desvela.

O LINGAM toca o centro do peito da YONI, gentilmente, com a ponta da Baqueta e diz:

LINGAM: IÔ IÔ IÔ IAÔ SABAÔ. KURIE ABRASAX KURIE MEITHRAS KURIE PHALLE. IÔ PAN, IÔ PAN PAN IÔ ISKHUROS, IÔ ATHANATOS IÔ ABROTOS IÔ IAÔ. KHAIRE PHALLE KHAIRE PAMPHAGE KHAIRE PANGENETÔR. HAGIOS, HAGIOS, HAGIOS IAÔ.

A YONI coloca a Taça em frente ao peito do LINGAM e diz:

YONI: IÔ IÔ IÔ ELOHIM. KURIA SOPHIA KURIA SELENE KURIA CTEIS. IÔ PAN, IÔ PAN PAN IÔ ISKHUROS, IÔ ATHANATOS IÔ ABROTOS IÔ OAI. KHAIRE CTEIS KHAIRE PAMPHAGE KHAIRE PANGENETÔR. HAGIOS, HAGIOS, HAGIOS OAI.

A YONI toma a pátena em sua mão direita e a taça em sua mão esquerda, erguidas à altura de sua cabeça. O LINGAM apresenta a ela a Baqueta e a YONI a beija onze vezes. Ela coloca suas armas no Altar e ele entrega a Baqueta para a YONI, que a segura, colocando-se na Posição do Entrante (sinal de Hórus) em direção a ela.

YONI: Senhor visível e sensível de quem esta terra é somente uma fagulha congelada girando ao teu redor em movimento anual e diário, fonte de luz, fonte de vida, que tua perpétua radiância acolha-nos para o contínuo trabalho e lazer; para que, assim como somos partícipes contínuos de tua generosidade, possamos em nossa órbita particular dar luz e vida, sustento e alegria àqueles que giram à nossa volta sem diminuição de substância ou refulgência para sempre.

YONI: Senhor secreto e mais sagrado, fonte de luz, fonte de vida, fonte de amor, fonte de liberdade, sê tu sempre constante e poderoso dentro de nós, força de energia, fogo de movimento; com diligência possamos nós sempre trabalhar contigo, que possamos permanecer em tua abundante alegria.

LINGAM: Senhora da noite, que girando sempre sobre nós és agora visível e agora invisível em tua estação, sê tu favorável aos caçadores e amantes, e a todo homem e toda mulher que labuta sobre a terra, e a todos os marinheiros e marinheiras sobre o mar.

LINGAM: Doadora e receptora de alegria, portal de vida e amor, sê tu sempre pronta, tu e tua serva, em teu ofício de alegria.

Na próxima fala, na entonação do nome de cada Santo, o LINGAM deverá traçar com seu polegar direito, entre o indicador e o médio, uma cruz no centro da testa da YONI.

LINGAM: Senhor de Vida e Alegria, que és a potência do homem, que és a essência de todo verdadeiro deus que está sobre a superfície da Terra, conhecimento continuado de geração a geração, tu, adorado por nós em brejos e em bosques, em montanhas e em cavernas, abertamente em mercados e secretamente nas câmaras de nossas casas, em templos de ouro e marfim e mármore, bem como nestes outros templos de nossos corpos, nós dignamente comemoramos os dignos que antigamente te adoraram e manifestaram tua glória entre os homens: Lao-tzu e Siddhârta e Tahuti, Dionysus, Mohammed e To Mega Thêrion, com estes também, Menthu, Hêraclês, Catullus, Rabelais, Swinburne, e muitos santos bardos; Apollonius Tyanæus, Pythagoras, Bardesanes e Hippolytus, que transmitiram a Luz da Gnose a nós, seus sucessores e seus herdeiros; Jacobus Burgundus Molensis o Mártir, Christian Rosencreutz, Roderic Borgia Papa Alexandre o Sexto, Sir Edward Kelly, Alphonse Louis Constant e Sir Aleister Crowley. Oh, Filhos do Leão e da Serpente! Com todos os teus santos nós dignamente comemoramos os dignos que foram e são e estão por vir. Possa sua Essência estar aqui presente, potente, pujante e paternal para aperfeiçoar esta festa.

Na próxima fala, na entonação do nome de cada Santa, a YONI deverá traçar com seu polegar direito, entre o indicador e o médio, um círculo no centro da testa do LINGAM.

YONI: Mãe de fertilidade de cujo seio jorra água, cuja face é acariciada pelo ar e em cujo coração está o fogo do Sol, útero de toda vida, graça recorrente das estações, responde favoravelmente à oração do trabalho, e a todos e todas que trabalham nos campos sê tu propícia. Com amor nós honramos aquelas que adoraram a Ti e manifestaram a sua VITÓRIA sobre o mundo: Shekinah, Shakti, Sophia, Athena, Iymma, Isis, e Hé Kokkiné Guné. Como essas também: Sappho, Hypatia, Medea, Miriam, Fatimah e Guenevere; Joanna d’Arc, Hildegard von Bingen, Caterina Benincasa, Teresa d’Ávila, Madre Teresa de Calcutá e Rebecca Cox Jackson, que trouxeram o lábaro da Luz através da escuridão. E ainda também: Eva von Buttlar, Helena Petrovna Blavatsky, Ida Craddock, Anandamoyi Ma, e Vivian Godfrey Barcynski; “Anna Sprengel,” Florence Farr, Violet Firth, Maria de Naglowska, e Ann Davies, que nutriram uma Aurora Dourada; Rose Edith Crowley, Leah Hirsig, Maria de Miramar, Sarah Jane Wolfe, e Phyllis Evelina Seckler. Ó êxtase ilimitado do Nada, que reuniu o Sangue de todos os santos e santas em sua Taça! Com todas essas Filhas do Sangraal, nós adoramos e amamos Aquela que está acima, dentro e sobre nós. Possa sua Essência estar aqui ilimitada, mística, misteriosa e maternal para manifestar essa festa.

LINGAM: Energia misteriosa, triforme, Matéria misteriosa, em quádrupla e sétupla divisão, a interação de cujas coisas se tecem a dança do Véu da Vida sobre a Face do Espírito, que haja Harmonia e Beleza em nossos amores místicos, que em nós possa haver saúde e riqueza e força e prazer divino de acordo com a Lei da Liberdade; possa cada um perseguir sua Vontade como um homem forte que se regozija a seu modo, como o curso de uma Estrela que brilha para sempre entre a alegre companhia do Céu.

YONI: Seja a hora auspiciosa e o portal da vida aberto em paz e em bem-estar, para que ela que carrega as crianças possa se regozijar e o bebê agarrar a vida com ambas as mãos.

LINGAM: Que recaia sucesso sobre tudo o que este dia unir com amor sob vontade; possam força e habilidade unir-se para trazer êxtase, e a beleza responda à beleza.

YONI: Término de tudo o que vive, cujo nome é inescrutável, sê favorável a nós em tua hora.

LINGAM: Para aqueles de cujos olhos o véu da vida caiu possa ser garantida a realização de suas verdadeiras Vontades; seja sua vontade a absorção no Infinito, ou estar unido com seus escolhidos e preferidos, ou estar em contemplação, ou estar em paz, ou alcançar o trabalho e heroísmo da encarnação neste planeta ou em outro, ou em outra Estrela, ou qualquer outra coisa, a eles possa ser garantida a realização de suas vontades; sim, a realização de suas vontades.

AMBOS: AUMGN, AUMGN, AUMGN.

AMBOS/TODOS: Que assim seja!

Ambos voltam a ficar um de frente para o outro, ela à esquerda, ele à direita do Altar. A YONI devolve a Baqueta ao LINGAM e toma a Taça e a Pátena. O LINGAM faz as cinco cruzes: três na Pátena e na taça simultaneamente; uma na Pátena apenas e uma na taça apenas. A YONI apresenta a Pátena com a(s) Hóstia(s) ao Sacerdote.

LINGAM: Vida do homem sobre a terra, fruto do trabalho, sustento do esforço, sê tu, assim, nutrição do Espírito!

Ele toca a Hóstia com a Baqueta e diz:

LINGAM: Pela virtude da Baqueta! Seja este pão o Corpo do Deus!

Ele toma a Hóstia em sua mão direita e, erguendo-a, diz:

LINGAM: TOUTO ESTI TO SÔMA MOU.

O LINGAM recoloca a Hóstia na Pátena e ajoelha-se em adoração. Levanta. A YONI apresenta a Taça ao LINGAM.

YONI: Veículo da alegria do Homem sobre a terra, conforto do trabalho, inspiração do esforço, sê tu, assim, êxtase do Espírito.

Ela beija a Taça e diz:

YONI: Pela virtude da Vida! Seja este vinho o Sangue do Deus!

Ela toma a Taça em sua mão esquerda e, erguendo-a, diz:

YONI: TOUTO ESTI TO POTÊRION TOU HAIMATOS MOU.

Ele devolve o Cálice o altar e ajoelha-se em adoração. Levanta.

Um olha para o outro:

AMBOS: Pois este é o Pacto da Fecundação, da Geração e do Nascimento!

Ele faz as cinco cruzes na YONI e ambos dizem, voltados para o Altar:

AMBOS: Aceitem, oh, SENHOR, oh, Senhora, este sacrifício de vida e alegria, garantias verdadeiras do Pacto de Vida.

O LINGAM oferece a Baqueta à YONI, que a beija; então ele a toca entre os seios e sobre o corpo. Ela então lança os braços para cima, compreendendo todo o santuário.

YONI: Possa esta oferta nascer sobre as ondas do Æthyr para nosso Senhor e Pai, o Sol, e para Nossa Senhora e Mãe, a Terra, que que se uniram na Glória do Céu.

Ele fecha suas mãos, beija a YONI entre os seios e faz três grandes cruzes sobre a Patena, a Taça e ele mesmo. Ele bate em seu peito.

LINGAM: Ouvi vós todas, santas da igreja verdadeira do tempo antigo, agora essencialmente presentes, de quem clamamos herança, com quem clamamos comunhão, de quem clamamos bênção em nome de IAO.

A YONI entrega a Pátena e a Taça ao LINGAM, beija-o no centro do peito e faz três grandes círculos sobre a Pátena, a Taça e sobre ela mesma. Ela cruza os braços sobre o peito.

YONI: Ouvi vós todos, santos da igreja verdadeira do tempo antigo, agora essencialmente presentes, a quem chamamos ancestrais, a quem chamamos Irmãos, a quem chamamos Nós Mesmos em nome de OAI.

Ela descruza os braços.

Ele faz três cruzes na Patena e Taça juntas, genufleta, toma a Taça em sua mão esquerda e a Hóstia e sua mão direita. Com a Hóstia faz cinco cruzes na Taça. Ele eleva a Hóstia e a Taça. Ela toca o Sino.

YONI: HAGIOS HAGIOS HAGIOS IAO KAI OAI POU EÍNAI

Ele devolve a Hóstia e a Taça e adora.

YONI:
Vibra do cio sutil da luz,
Meu homem e afã!
Vem turbulento da noite a flux
De Pã! Iô Pã!

LINGAM:
Iô Pã! Iô Pã! Do mar de além
Vem da Sicília e da Arcádia vem!
Vem como Baco, com fauno e fera
E ninfa e sátiro à tua beira,
Num asno lácteo, do mar sem fim
A mim, a mim!

YONI:
Vem com Apolo, nupcial na brisa
(Pegureira e pitonisa),
Vem com Artémis, leve e estranha,
E a coxa branca, Deus lindo, banha
Ao luar do bosque, em marmóreo monte,
Manhã malhada da âmbrea fonte!
Mergulha o roxo da prece ardente
No ádito rubro, no laço quente,
A alma que aterra em olhos de azul
O ver errar teu capricho exul
No bosque enredo, nos nós que espalma
A árvore viva que é espírito e alma
E corpo e mente — do mar sem fim
(Iô Pã! Iô Pã!),
Diabo ou deus, vem a mim, a mim!
Meu homem e afã!

LINGAM:
Vem com trombeta estridente e fina
Pela colina!
Vem com tambor a rufar à beira
Da primavera!
Com frautas e avenas vem sem conto!
Não estou eu pronto?
Eu, que espero e me estorço e luto
Com ar sem ramos onde não nutro
Meu corpo, laço do abraço em vão,
Áspide aguda, forte lião —
Vem, está vazia
Minha carne, fria
Do cio sozinho da demonia.
À espada corta o que ata e dói,
Ó Tudo-Cria, Tudo-Destrói!

YONI:
Dá-me o sinal do Olho Aberto,
E da coxa áspera o toque ereto,
E a palavra do Louco e do Secreto,
Ó Pã! Iô Pã!
Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã Pã! Pã,

LINGAM:
Sou homem e afã:
Faze o teu querer sem vontade vã,
Deus grande! Meu Pã!
Io Pã ! Iô Pã ! Despertei na dobra
Do aperto da cobra.

YONI:
A águia rasga com garra e fauce;
Os deuses vão-se;
As feras vêm. Iô Pã! A matado,
Vou no corno levado
Do Unicornado.
Sou Pã! Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!

LINGAM:
Sou teu, teu homem e teu afã,
Cabra das tuas, ouro, deus, clara
Carne em teu osso, flor na tua vara.
Com patas de aço os rochedos roço
De solstício severo a equinócio
.

YONI:
E raivo, e rasgo, e roussando fremo,
Sempiterno, mundo sem termo,
Homem, homúnculo, ménade, afã,
Na força de Pã.

AMBOS:
Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã! Iô Pã!

O LINGAM toma a Pátena entre o indicador e o dedo médio de sua mão direita. Ele segura a Taça em sua mão esquerda.

LINGAM: Senhor mais secreto, abençoa este alimento espiritual em nossos corpos, concedendo a nós saúde e riqueza e força e alegria e paz, e o cumprimento da vontade e do amor sob vontade que é a perpétua felicidade.

Ele faz uma cruz com a Pátena e a beija. A YONI toma a Pátena entre o indicador e o dedo médio de sua mão esquerda. Ela segura a Taça em sua mão direita.

YONI: Senhora mais sutil, abençoa este alimento espiritual em nossos corpos, concedendo a nós potência e prosperidade e empatia e gozo e paixão, e o viver do amor e da realização da vontade que é a perpétua felicidade.

Ela faz um círculo com a Taça e a beija. Eles se voltam um para o outro. A YONI coloca a Pátena no Altar e segura a Taça à sua frente com a mão esquerda. Ele dá a ela a Baqueta e esta a segura na mão direita. Ele toma a Hóstia e a quebra sobre a Taça, colocando a porção em sua mão direita na Pátena. Ele quebra novamente a parte em sua mão esquerda.

LINGAM: TOUTO ESTI TO SPERMA MOU. HO PATÊR ESTIN HO HUIOS DIA TO PNEUMA HAGION.

YONI: AUTÉ ESTI HE MÉTRA MOU. HE METER ESTIN HE ERASTES DIA TO PNEUMA HAGION.

Ele coloca na Pátena a parte da mão esquerda da Hóstia. A YONI estende a ponta da Baqueta com sua mão esquerda para receber a partícula. Ambos seguram a Taça, ele em sua mão esquerda, ela em sua mão direita. Juntos eles descem a ponta da Baqueta com a partícula na Taça.

AMBOS: HRILIU.

O LINGAM coloca a Baqueta no Altar, genuflecta e levanta-se. Curva-se e, juntando as mãos, atinge seu peito.

LINGAM: Oh, Leão e, Oh, Serpente que destrói o destruidor, sê poderoso entre nós.

YONI: Oh, Leão e, Oh, Serpente que destrói o destruidor, sê poderoso entre nós.

AMBOS: Oh, Leão e, Oh, Serpente que destrói o destruidor, sê poderoso entre nós.

Eles colocam as duas mãos, um no peito do outro. Ele toma a Baqueta.

LINGAM: Faz o que tu queres será o todo da Lei.

YONI: Amor é a lei, amor sob vontade.

O LINGAM aponta a Baqueta para baixo e a levanta. Ele, então entrega a Baqueta à YONI, que a segura com a mão direita. Ela toma, com a mão esquerda, a Pátena e a oferece ao LINGAM, que se ajoelha e pega a Hóstia com a mão direita e diz:

LINGAM: Esteja em minha boca a essência da vida do Sol.

Ele faz uma cruz com a Hóstia sobre a Pátena e consome a Hóstia. Silêncio.

A YONI devolve a Pátena ao Altar e toma, com a mão esquerda, a Taça, oferecendo-a ao LINGAM. Ele pega a Taça com a mão direita e diz:

LINGAM: Esteja em minha boca a essência da alegria da terra.

Ele traça uma cruz com a Taça sobre a YONI e consome o vinho, devolvendo a Taça a ela, que a coloca de volta no Altar. Silêncio. O LINGAM se levanta e cruza os braços sobre o peito, dizendo em direção à YONI:

LINGAM: Não há parte de mim que não seja dos deuses.

YONI: Não há parte de ti que não seja eu.

NOTA: no caso de uma celebração pública, pode-se, aqui, ser realizada uma Comunhão. Neste caso, cada participante da Assistência vai ao Altar, ordenadamente, e consome a Hóstia e o Vinho, repetindo os gestos e palavras do LINGAM.

Todas as armas são colocadas sobre o Altar. LINGAM e YONI se dão as mãos. Caso haja uma Assistência, todos os presentes dão as mãos uns aos outros.

AMBOS: Que o Senhor que é a Senhora e a Senhora que é o Senhor nos abençoe.

YONI: Que o Senhor ilumine nossas mentes e conforte nossos corações e sustente nossos corpos.

LINGAM: Que a Senhora nos traga a realização de nossas verdadeiras Vontades, a Grande Obra, o Summum Bonum, Verdadeira Sabedoria e Perfeita Felicidade.

Todos se retiram em silêncio.


Autoria: Frater Hrw e Irmão L.O.

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