Magia: Mito ou Realidade

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Pela definição dada por alguns dicionários de nossa língua podemos avaliar o grande engano por parte de muitos no que se refere à Magia. Num certo dicionário encontrei isto:

MAGIA, s.f. Religião dos magos; arte de produzir por meio de certos atos e palavras efeitos contrários às leis naturais; fascinação; encanto. Instituição baseada na crença da força sobrenatural regulada pela tradição e constituída de praticas, ritos, e cerimônias em que se faz apelo às forças ocultas e se procura alcançar o domínio do homem sobre a natureza; — imitativa: aquela em que se imita a causa desejada; — simpática: aquela em que se pretende ter ação sobre pessoa ou objeto distante, dos quais se possui uma parte; — negra: feitiçaria que se pratica com pretensa invocação de espíritos infernais.

Pois bem, não foi, confesso, a pior definição que já encontrei, apesar de ser um tanto quanto generalizado, e superficial, afinal magia, teurgia, mesmo taumaturgia, são assuntos em que constantemente corremos o risco de sermos superficiais.

Desta forma recorreremos, sempre que necessário, à luz de obras de grandes mestres desta Sacra Arte, de forma a evitarmos sermos superficiais, porém, questões podem e devem ser levantadas com relação à veracidade e rumo dado pela informação contida em tais obras, de forma que esta discussão não seja um argumento sobre a existência e eficiência da magia, mas uma discussão sobre o que se tem às claras a respeito desta Arte e Ciência.

Logo no inicio, lê-se: “Religião dos magos…”, pois bem, um dos motes mais destacados de uma certa Ordem que se abriu ao Mundo no início do século passado (XX), a A.·.A.·. , ou Argentum Astrum, ou ainda Ordem da Estrela de Prata, dizia, “O Método da Ciência, O Objetivo da Religião”, isto mostra a perspicácia de certos Mestres sobre a Consecução da Grande Obra, significa basicamente, que se pesquisarmos certos efeitos e certas coisas, pelo método científico, poderemos alcançar, através da magia, o Objetivo da Religião, ou seja, a União com a Divindade, em outras palavras, a Iluminação, claro este não é o Objetivo Final da Magia, nem poderia. É neste campo que caem por terra tudo que se refere às crendices e superstições, a Fé deixa de ser Doutrinadora, para ser um Motivo de Investigação, onde se o Magista trabalhar bem e honestamente consigo mesmo, verá a Fé se unindo à Certeza de forma que uma não possa mais se separar da outra, isto baseado na veracidade dos experimentos. Fonte de informação para tal investigação é o que não nos falta, a História, em especial aquelas partes relacionadas à Religião e a certos Dogmas, até mesmo na Igreja Católica. No seio de todas as religiões está depositada uma série de verdades parciais, basta juntá-las e separar o que é danoso e falso do que é puro e verdadeiro. Todas as civilizações antigas e todas as religiões estão recheadas de evidências, porém também de engodos, bastando, ao sincero buscador, separar isto, unindo àquilo que realmente é verdadeiro em seu Coração, a Devoção.

O maior problema em se realizar tais investigações é que um ceticismo equilibrado deve ser empregado, pois muitos são os Mistérios do Criador, muitos deles já decifrados por grandes sacerdotes do passado, mas hoje estão velados por uma nuvem de ignorância. Lembro-me de uma certa passagem de uma ótima obra de , “A Nuvem sobre o Santuário”, lá ele explana em sua quinta carta:

Um sacerdote é um separador da natureza pura da impura, um separador da substância que o reprimi completamente da matéria destrutível que ocasiona a dor e a miséria.

Será que nossos Sacerdotes têm sabido separar a Natureza Pura da Impura, ou simplesmente as juntam de forma que uma desapareça na outra e gere caos e confusão? Assim foi feito por várias ocasiões onde o equilíbrio da humanidade foi testado, e o terror dominou a Terra; vide a Inquisição, onde milhares de inocentes foram mortos na fogueira devido a dons espirituais e até mesmo intelectuais a exemplo de ciência. O próprio Galileu Galilei quase foi condenado pela a “Santa” Inquisição quando da publicação de sua obra “Diálogo Sobre os Dois Sistemas do Mundo”, publicada em 1632, onde defendia a Teoria Heliocêntrica, esta obra foi condenada pela Igreja, e Galileu preso por heresia e julgado, Galileu para não morrer na fogueira teve que renegar suas descobertas e estudos através de uma “confissão”, que ele teve de ler em voz alta diante do Santo Conselho da Igreja.

Aleister Crowley define Magia como sendo “A Ciência e Arte de provocar Mudanças de acordo com a Vontade”. Eliphas Levi definiu-a assim: “A Magia é a Ciência Tradicional dos Segredos da Natureza que a Nós foi transmitida pelos Magos”. Outra curiosa definição a qual não me lembro quem é o dono, apesar de acreditar ser de Dion Fortune, embora não tenha certeza, esta é: “Magia é a arte de empregar causas naturais para produzir efeitos surpreendentes”, uma outra se encontra em “A Clavícula Menor de Salomão, o Rei”, traduzido do hebraico por Samuel Liddel MacGregor Mathers e Aleister Crowley em 1904, e está desta forma: “MAGIA é o mais elevado, mais absoluto e mais Divino Conhecimento da Filosofia Natural, avançado em suas obras e operações maravilhosas por um entendimento correto da virtude interior e oculta das coisas, de forma que Agentes verdadeiros sendo aplicados aos pacientes apropriados, efeitos estranhos e admiráveis através disto serão produzidos. Donde os magos são profundos e diligentes pesquisadores na Natureza; eles, por causa de sua habilidade, sabem como antecipar um esforço, o qual para o vulgar se parecerá como um milagre”[4]. Ou seja, não existe nenhum bicho de sete cabeças nisto. Magia nada mais é do que um Método da Ciência de Alcance de Sabedoria, a fim de se conquistar por meios menos, mas nem tanto, convencionais determinados Efeitos.

Hoje existe uma série de pesquisadores, exclusivamente científicos, ou seja, não magistas, magos ou ocultistas, que vem buscando no Misticismo soluções para uma série de eventos físicos. Existem também magistas e ocultistas lançando mão da “Ciência Convencional” para melhor investigar as operações mágicas e seus efeitos, lançando Luz em ambos os lados da Ciência e da Arte. Um exemplo disto é a Teoria do Hipercorpo, que faz uso de ideias oriundas da Mecânica Quântica para elucidar certos pontos interessantes como a relação entre planos sutis e as onze dimensões de nosso continuum discutidas na recentemente na Física atual, ou seja, o Conde de Maistre estava certo quando disse que “Newton nos leva até a Pitágoras”, e desta forma vemos agora Ciência e Magia juntas investigando o Universo e seus Mistérios.

Se observarmos bem, veremos que as matérias relacionadas em Magia e no Ocultismo servem de base a uma série de coisas das quais nos utilizamos hoje para solução de uma série de problemas em nosso cotidiano; um bom exemplo disto seria a Alquimia, quem já leu algum Tratado Alquímico verá ali as bases da Metalurgia e da Química e até da Medicina, vide “Coelum Philosophorum” e outros de Paracelso. Os processos de Evocação são igualmente interessantes, eles me lembram em sua essência os princípios da Psicanálise em especial a Freudiana, Carl G. Jung, amigo e discípulo de Sigmund Freud de 1907 a 1913, possui uma série de obras relacionadas com as Matérias da Magia, e sua teoria acerca da existência do Inconsciente Coletivo, visivelmente fundado na Qabalah Hebraica, confirma tal proposição, além da sua conhecida pesquisa em torno da obra Alquímica o “Mutus Liber”, de autor desconhecido da que ele alude longamente em sua obra “Psicologia e Alquimia”.

O principal Objetivo da Magia é libertar o indivíduo, através de um conhecimento mais amplo, tentando encontrar a Verdade neste mar de engodos em que nos encontramos desde tempos imemoriais, onde poderosos subjugam através da Ignorância, usando a Fé como motivo de passividade, e da passividade como desculpa para a preguiça e o comodismo. O que não sabe o vulgar é que “o que está em cima é como o que está em baixo”. Na Qabalah Hebraica temos o ser humano como uma maquete do Universo, ou seja, o Homem ou Microprosopus, em linguagem cabalística, é um reflexo em proporção reduzida, do Universo ou Macroprosopus.

Estando ciente de seu Propósito Divino o Indivíduo está livre de todo o resto, afinal ele agora sabe a que sua essência está presa e isto é Liberdade, pois Ser Livre é Saber a Que se Prender. Portanto é importante pensar com carinho e respeito com relação a esta Nobre Arte, pois ao Indivíduo Qualquer do Povo que pensa não estar envolvido com tais assuntos se engana, pois os Operadores da Grande Obra, nada mais fazem do que Arquitetar sobre a Supervisão do Altíssimo Novos Rumos, onde deve imperar a Paz e a Verdade, o Amor e a Tolerância, Justiça e União, para que todos sejamos iguais não somente aos Olhos de Deus, mas como aos nossos próprios olhos, sendo irmãos e sendo livres neste Mundo da qual somos herdeiros e guardiões.


Autor: Frater O.S.E.A.

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