Um Rito de Ísis

Por C.S. Jones

Soai, sistro, soai ao longe! Brilhe, brilhe, Ó Estrela da Alvorada! Flameje, flameje, Ó Carro Meteórico! Ísis, Nossa Senhora! AMN.

.Salve Ísis! Salve!
Pois ela é a Senhora da vida.

Os poemas usados no Rito são de Aleister Crowley

Nota do Editor

O rito pertence aos escritos de Charles Stansfeld Jones Fra. Achad, O.I.V.V.L.O., etc. e foi realizado pela primeira vez em 1914 por Jones e seu círculo de estudos na Colúmbia Britânica. No ano seguinte à fundação da Loja Colúmbia Britânica Nº 1 ele foi novamente realizado, desta feita sob os auspícios da O.T.O.  Os principais oficiantes foram Jones, Wilfred T. Smith e suas respectivas esposas. O rito é interessante em vários sentidos, dos quais o mais importante talvez seja o de que esta foi uma das primeiras invocações públicas da deusa na América do Norte. Ele foi originalmente escrito por Jones que retirou muita coisa dos escritos de Crowley e utilizou os Ritos de Eleusis como modelo. As anotações de Crowley sobre êxtase são do “How and Why of Ecstasy”, escrito para o livreto do programa do Rito de Eleusis em 1910; os poemas podem ser encontrados em seus “Works”. A sessão de Câncer é do “Treasure-House of Images” de J. F. C. Fuller, que é utilizado de uma interessante maneira antífona. Na apresentação datilografada deste rito foi escrita uma segunda abertura e foi editada à mão em grande quantidade, a qual, quase certamente, foi escrita para substituir a primeira. Embora Gerald Yorke legasse a Crowley a coautoria desta nova abertura, todas as emendas escritas parecem ter estado nas mãos de Jones. Isto de nenhuma forma exclui a assistência de Crowley, e a sofisticação comparativa da abertura revisada poderia dar suporte à visão de Yorke. Uma terceira abertura também sobrevive, representando, provavelmente, uma forma intermediária.

Este rito é publicado aqui, pela primeira vez, somente com a segunda abertura revisada. Os ritualistas deveriam observar que entre a primeira e a segunda versão da abertura fornecida aqui as posições dos altares e oficiais nos quadrantes foram invertidas nos eixos Leste-Oeste e Norte-Sul, mas as referências aos quadrantes no texto principal do rito foram mantidas intactas. Isto pode ou pode não ter sido intencional e é, talvez, melhor determinado pelo experimento. 

Subtítulos editoriais foram providenciados para distinguir a abertura do texto do ritual, propriamente dito. 

— H.B.


Material Ritualístico

  • Um grande altar e dois pequenos altares.
  • Uma estátua de Ísis.
  • Nove velas.
  • Uma lâmpada azul.
  • Um turíbulo.
  • Incenso.
  • Um recipiente com água consagrada (opcional: um pequeno báculo para dispersão da água)

Operationis Personæ

  • MAGUS: Robe branco e dourado e um nemmes.
  • MAGUS ASSISTENTE: Robe branco e um nemmes.
  • MAGUS DO FOGO: Robe branco, com um triângulo vermelho sobre o peito e nas costas.
  • Soror Luna.
  • Um músico.

Configuração do Templo

  • Grande Altar:
    • Representação de Ísis
    • 4 velas
    • Lâmpada azul sobre ele
  • Pequenos Altares:
    • 1 vela em cada
  • Altar do Incenso:
    • 3 velas
    • Incenso
    • Turíbulo

A Ritualística

Abertura

À Oeste está o Altar[GA], tendo sobre ele uma estátua de Ísis e quatro velas. Sobre este, uma lâmpada azul queimando. Ao Norte e ao Sul estão dois pequenos altares[pa], cada qual tendo sobre eles uma vela. No Altar do Incenso[IN] há três velas.

O posto do MAGUS[M] é ao Norte do Altar, o do MAGUS ASSISTENTE[Ma] é ao Sul do Altar, e o do MAGUS DO FOGO[Mf] é a Leste do Altar do Incenso. Soror Luna[SL] não é vista no Templo, mas sua voz deve vir do Oeste.

Todas as luzes estão acesas.

Quando tudo estiver montado, uma melodia simples é tocada uma passagem curta, copiada de forma incompleta.

Após uma pausa, o MAGUS, o MAGUS ASSISTENTE e o MAGUS DO FOGO entram, o MAGUS DO FOGO primeiro, portando o incenso, MAGUS carregando uma tigela de água consagrada a qual vai aspergindo à volta do Templo. Eles cruzam o Leste uma vez ao redor do Templo. O MAGUS DO FOGO toma seu posto & o MAGUS & o MAGUS ASSISTENTE passam para o grande altar.

MAGUS
GLORIA DEO ALTISSIMO RA-HOOR-KHUIT.

Ele se volta para o Leste.

MAGUS
Fratri, que nós consagremos o Fogo e purifiquemos o Templo, de forma que apenas a Divina Luz seja manifesta, e que todos os poderes das trevas sejam dispersos. Por meio da sagrada palavra de Sete Letras, ARARITA.

O MAGUS DO FOGO passa ao Leste portando a vela acessa, a qual entrega ao MAGUS ASSISTENTE. O MAGUS realiza o Pentagrama de banimento do Fogo sobre a vela, dizendo:

MAGUS
Eu vos exorcizo, ó vós, espíritos do mal e poderes das trevas, em e pelo Nome do Mais Elevado Deus, Elohim, e em nome do grande Arcanjo do Fogo, Michael, que não permaneçais nesta criatura do Fogo, mas parti daqui e não procureis entrar novamente neste Templo de Magia da Luz.

Ele faz o pentagrama de invocação do espírito ativo & diz:

MAGUS
EHIEH BITOM.

Ele faz o Pentagrama de invocação do Fogo.

MAGUS
Eu te consagro, criatura do fogo, em e através do nome IHVH, em nome de TzBAVTh e pela força do Espírito do Fogo Primordial, para que, através do poder do grande Arcanjo Michael, que está à direita do Altar do Incenso, possas tornar-te útil no Templo da Luz, uma defesa contra os ataques dos malignos e uma fonte de força nos Santos Mistérios.

O MAGUS DO FOGO toma a vela consagrada, leva-a ao Altar do Incenso e, com ela, acende todas as velas no Templo, a lâmpada e o carvão. Ele retorna à sua estação

MAGUS
Frater [motto do MAGUS DO FOGO], purifica o Templo pelo fogo.

O MAGUS DO FOGO lança incenso sobre o carvão três vezes e percorre o templo portando o turíbulo e dizendo:

MAGUS DO FOGO
Incensum istud a te benedictum, ascendat ad te Domine descendat super nos misericordia tua.

Ele passa ao centro do Templo e incensa os quatro quadrantes, dizendo, enquanto incensa o Leste:

MAGUS DO FOGO
Em nome de Raphael.

Ao Sul:

MAGUS DO FOGO
Em nome de Michael.

A Oeste:

MAGUS DO FOGO
Em nome de Gabriel.

Ao Norte:

MAGUS DO FOGO
Em nome de Auriel.

Ele retorna ao seu posto.

MAGUS
Purifiquemos ainda mais o Templo. Frater [motto do MAGUS ASSISTENTE], executa o Ritual de Banimento do Pentagrama.

Isso é feito.

MAGUS
Seja completa a purificação pelo Ritual de Banimento do Hexagrama.

O MAGUS executa esse ritual.

Todos retornam aos seus postos.

MAGUS
KHABS AM PEKHT.

MAGUS ASSISTENTE
KONKS OM PAX.

MAGUS DO FOGO
LUZ EM EXTENSÃO.

Virando-se para o Oeste, todos se ajoelham e repetem em tom baixo:

MAGI
SANTO ÉS TU, SENHOR DO UNIVERSO.
SANTO ÉS TU, O PELA NATUREZA NÃO FORMADO.
SANTO ÉS TU, AQUELE QUE É VASTO E PODEROSO.
SANTO ÉS TU, HADIT, TU, CHAMA SECRETA.
SANTA ÉS TU, NUIT, TU, A ESTRELADA.
SANTO ÉS TU, SENHOR DO ÆON.
SANTO ÉS TU, RA-HOOR-KHUIT.
SANTO, TOTALMENTE SANTO.

Eles se erguem, o MAGUS ASSISTENTE bate o sino e o MAGUS vai para do Altar, virando-se para Oeste, e diz:

MAGUS [palmas 333-333-333]
Unidade máxima manifestada.
Eu adoro o poder de Teu sopro,
Supremo e terrível Deus,
Que fazes os deuses e morte
Tremerem diante de Ti:
— Eu, Eu te adoro!

O MAGUS retorna ao seu posto.

MAGUS ASSISTENTE
Possamos agora meditar sobre a Suprema Unidade, tal como foi escrito sob a estátua de Nossa Senhora Ísis: “Eu sou tudo o que foi, tudo o que há e tudo o que será; e mortal algum ergueu meu véu.”

Aqui se seguem alguns minutos de meditação silenciosa.

Ritual

Quando isso é feito, o MAGUS DO FOGO passa ao Leste do Templo e se dirige aos congregados:

MAGUS DO FOGO
Irmãos e Irmãs: A fim de que o propósito da cerimônia que está prestes a acontecer seja esclarecido a todos, eu irei ler uma breve explicação sobre Êxtase escrita pelo Frater Perdurabo.

“Existe uma terra de puro deleite, onde reinam santos imortais.”
Alguns de nós costumavam cantar isso na infância e pensávamos nessa terra como algo distante, mais distante até do que a morte que naquela época parecia tão distante.
Mas agora eu sei: essa terra não é tão longe quanto a minha carne está dos meus ossos! Ela está aqui mesmo, agora mesmo.
Se há uma nuvem neste céu tranquilo, é o pensamento de que: seres conscientes existem que não são infinitamente felizes, senhores do êxtase.
Então, para dissipar essa nuvem, dediquei alegremente tudo o que tenho e tudo o que sou.
Não há nada que tu desfrutes que eu não desfrute tanto quanto tu; e eu testifico que nada é digno de ser comparado com o êxtase.
Qual é o caminho para essa terra imortal? Para o oriental, cuja mente é, por assim dizer, estática, a meditação oferece o melhor caminho, um caminho que para nós parece e de fato é intolerável, enfadonho e tedioso. Para o ocidental, não há caminho melhor do que o cerimonial. Pois o êxtase é causado pela súbita combinação de duas ideias, assim como o oxigênio e o hidrogênio se unem explosivamente.
Mas esse êxtase religioso acontece nos mais altos centros do organismo humano; é a própria alma que se une ao seu Deus; e por essa razão, o arrebatamento é mais avassalador, a alegria mais duradoura, e a energia resultante mais pura e esplêndida do que em qualquer coisa terrena.
Portanto, no ritual, buscamos continuamente unir a mente a alguma ideia pura por meio de um ato de vontade. Fazemos isso repetidamente, com mais paixão e determinação, até que finalmente a mente aceita a dominação da vontade e corre por conta própria em direção ao objeto desejado. Essa rendição da mente ao seu Senhor concede o êxtase sagrado que buscamos.
Agora, na cerimônia, ajustamos a mente do espectador com a ideia pura, digamos, da natureza e do amor, que chamamos de Vênus. Se ele se identifica com essa ideia, a união é de êxtase e sua única imperfeição se deve ao fato de que a ideia em questão, seja qual for, é apenas parcial. O êxtase, portanto, é progressivo. Gradualmente, o adepto se une a ideias mais sagradas e elevadas até se tornar um com o próprio Universo. Para ele, não há mais morte; tempo e espaço são aniquilados; nada existe, exceto o intenso arrebatamento que não conhece mudança para sempre.

Nesta cerimônia presente, qualquer ritual completo é impossível, mas nos esforçaremos para enfatizar uma ideia, trazendo-a repetidamente perante vocês e, dessa maneira, ajudando vocês a unir suas mentes a ela. Enquanto isso, vocês, por sua parte, devem voltar suas mentes para essa ideia e mantê-las fixas pelo poder da vontade, cortando todos os pensamentos externos e usando todas as suas faculdades para o único objetivo de concentração perfeita. O sucesso desta cerimônia para cada um de vocês individualmente dependerá inteiramente deste fator, então é impossível para mim enfatizar demasiadamente a necessidade de cada um de vocês assumir sua parte na cerimônia com a maior seriedade e concentrar suas mentes em uma única ideia.
Tomaremos como ideia central aquele aspecto do Um expresso como Natureza, Beleza, Compaixão e Amor. Essa ideia foi simbolizada de muitas maneiras. No Oriente, temos o grande Senhor da Compaixão, mas a mesma ideia é muito mais claramente expressa na concepção da Grande Mãe dos Deuses; esta sendo também a forma em que é encontrada no Ocidente, onde temos Isis, Astarte, Afrodite, Vênus, e na Igreja Cristã, Maria, Mãe de Deus, Mãe da Misericórdia e Compaixão.
Se tal concepção lhe parecer estranha, tenha em mente que estamos apenas considerando manifestações do Um, Atman, Allah, Deus, Self, ou como quiser. Reconhecemos o Um ⎯ como é dito: “Apenas um sem um segundo” – mas manifestado de inúmeras maneiras, e portanto, não importa sob qual aspecto ou forma, ou através de que manifestação, adoramos.
Se, a princípio, nossas mentes estão unidas a expressões inferiores e parciais, lembre-se de que este é apenas o primeiro passo no caminho; e qualquer que seja o nome ou a forma do objeto de nossa devoção, à medida que progredimos, não veremos mais distinções. O imenso oceano do amor terá entrado em nós, e não veremos mais homens, animais e árvores, ou o sol, a lua e as estrelas, mas veremos nosso amado em todos os lugares e em tudo.
Então, vamos concentrar nossas mentes neste único aspecto, e quaisquer palavras que sejam usadas, ou quaisquer símbolos que sejam encontrados na cerimônia, vamos usá-los e aplicá-los ao objeto de nossa devoção – Deus ou Deusa, Encarnação ou Avatar, Professor, Profeta ou Mestre, não importa, pois Deus está em tudo.
Que todos alcancemos. Amém.

Ele retorna ao seu posto e lá incensa o altar. Ele permanece a postos a Oeste do Altar do Incenso. O MAGUS e o MAGUS ASSISTENTE erguem-se e posicionam-se de frente para o Altar.

MAGUS
Eu te adoro pela Duodécupla Certeza e pela Certeza disso.

Breve pausa.

MAGUS
Ó Tu, Soberano Guerreiro de valor cingido em aço, cuja cimitarra é uma chama entre o dia e a noite, cujo elmo é criado com as asas do Abismo. Eu Te conheço!

MAGUS ASSISTENTE
Ó Tu, Guardião de Quatro Olhos da luz, que acende uma chama nos corações dos desanimados e cinge com fogo os dorsos dos desarmados.

Todos repetem em conjunto

TODOS
Glória a ti através de todo o Tempo e através de todo o espaço: Glória e Glória sobre Glória, Eternamente. Amém e Amém e Amém.

MAGUS
Ó Tu, Luz Soberana e fogo do encanto, cuja cascata de cabelos flamejantes cai pelo Éter como amarrilhos de relâmpagos profundamente enraizados no Abismo. Eu Te conheço!

MAGUS ASSISTENTE
Ó Tu, mangual joeirado de brilho, a chibata apaixonada cuja mão envolvente dispersa a humanidade diante de tua fúria como os ventos irregulares vindos do seio tempestuoso do Oceano.

TODOS
Glória a ti através de todo o Tempo e através de todo o espaço: Glória e Glória sobre Glória, Eternamente. Amém e Amém e Amém.

MAGUS
Ó Tu, Soberano Cantor dos ventos festivos, cuja voz é como uma tropa vestal de bacantes despertas pelo toque da flauta de Pã. Eu Te conheço!

MAGUS ASSISTENTE
Ó Tu, flama dançante da canção frenética, cujos berros, qual espadas de ouro de saltitante fogo, nos impulsionam em direção ao selvagem massacre dos mundos.

TODOS
Glória a ti através de todo o Tempo e através de todo o espaço: Glória e Glória sobre Glória, Eternamente. Amém e Amém e Amém.

MAGUS
Ó Tu, Soberano Poder da mais ancestral floresta, cuja voz é como o murmúrio de ventos implacáveis capturados nos braços de galhos balançantes. Eu Te conheço!

MAGUS ASSISTENTE
Ó Tu, estrondo de tambores conquistadores, que acalmas em um arrebatamento de sono profundo aqueles amantes que se queimam um no outro, chama a fina chama.

TODOS
Glória a ti através de todo o Tempo e através de todo o espaço: Glória e Glória sobre Glória, Eternamente. Amém e Amém e Amém.

MAGUS
Ó Tu, Guia Soberano dos rodopiantes círculos das estrelas, cujas solas dos pés golpeiam plumas do fogo da mais externa aniquilação do Abismo. Eu Te conheço!

MAGUS ASSISTENTE
Ó Tu, espada carmesim da destruição, que persegues os cometas do leito escuro da noite até que avancem adiante de Ti como línguas de fogo serpentino.

TODOS
Glória a ti através de todo o Tempo e através de todo o espaço: Glória e Glória sobre Glória, Eternamente. Amém e Amém e Amém.

MAGUS
Ó Tu, Soberano Arqueiro das sombrias regiões, que atira com Tua transcendental besta as estrelas de muitos raios nos campos do céu. Eu Te conheço!

MAGUS ASSISTENTE
Ó Tu, flecha de oito pontas de luz, que atinges a região de sete rios até fazê-los gargalhar como Mênades com tirsos serpenteantes.

TODOS
Glória a ti através de todo o Tempo e através de todo o espaço: Glória e Glória sobre Glória, Eternamente. Amém e Amém e Amém.

MAGUS
Ó Tu, Guia Soberano dos rodopiantes círculos das estrelas, cujas solas dos pés golpeiam plumas do fogo da mais externa aniquilação do Abismo. Eu Te conheço!

MAGUS ASSISTENTE
Ó Tu, espada carmesim da destruição, que persegues os cometas do leito escuro da noite até que avancem adiante de Ti como línguas de fogo serpentino.

TODOS
Glória a ti através de todo o Tempo e através de todo o espaço: Glória e Glória sobre Glória, Eternamente. Amém e Amém e Amém.

MAGUS
Ó Tu, Soberano Diadema da coroada Sabedoria, cujo trabalho conhece o caminho das sílfides do ar e a escavação negra dos gnomos da terra. Eu Te conheço

MAGUS ASSISTENTE
Ó Tu, Mestre dos caminhos da vida, em cuja palma da mão todas as artes estão contidas como uma nuvem de fumaça entre os lábios da montanha.

TODOS
Glória a ti através de todo o Tempo e através de todo o espaço: Glória e Glória sobre Glória, Eternamente. Amém e Amém e Amém.

MAGUS
Ó Tu, Guia Soberano dos rodopiantes círculos das estrelas, cujas solas dos pés golpeiam plumas do fogo da mais externa aniquilação do Abismo. Eu Te conheço!

MAGUS ASSISTENTE
Ó Tu, espada carmesim da destruição, que persegues os cometas do leito escuro da noite até que avancem adiante de Ti como línguas de fogo serpentino.

TODOS
Glória a ti através de todo o Tempo e através de todo o espaço: Glória e Glória sobre Glória, Eternamente. Amém e Amém e Amém.

MAGUS
Ó Tu, Soberano Senhor dos primevos caçadores de Ba, que caças, com o amanhecer, os cervos manchados do crepúsculo, e cujos mecanismos de guerra são cometas com cristas de sangue. Eu Te conheço.

MAGUS ASSISTENTE
Ó Tu, Ser auto luminoso coroado de chamas, o flagelo cujo estalo reuniu os mundos antigos e solta o sangue das nuvens virgens do céu.

TODOS
Glória a ti através de todo o Tempo e através de todo o espaço: Glória e Glória sobre Glória, Eternamente. Amém e Amém e Amém.

MAGUS
Ó Tu, Guia Soberano dos rodopiantes círculos das estrelas, cujas solas dos pés golpeiam plumas do fogo da mais externa aniquilação do Abismo. Eu Te conheço!

MAGUS ASSISTENTE
Ó Tu, espada carmesim da destruição, que persegues os cometas do leito escuro da noite até que avancem adiante de Ti como línguas de fogo serpentino.

TODOS
Glória a ti através de todo o Tempo e através de todo o espaço: Glória e Glória sobre Glória, Eternamente. Amém e Amém e Amém.

MAGUS
Ó Tu, Soberana Pedra-da-Lua de adorável brancura, de cujos muito, muitos olhos saltam as nuvens do fogo da vida e cuja respiração incendeia o Abismo e o Abismo Inferior. Eu Te conheço!

MAGUS ASSISTENTE
Ó Tu, fonte primordial do feroz éter, na pupila de cujo esplendor todas as coisas jazem agachadas e envoltas como um bebê no ventre de sua mãe.

TODOS
Glória a ti através de todo o Tempo e através de todo o espaço: Glória e Glória sobre Glória, Eternamente. Amém e Amém e Amém.

MAGUS
Ó Tu, Guia Soberano dos rodopiantes círculos das estrelas, cujas solas dos pés golpeiam plumas do fogo da mais externa aniquilação do Abismo. Eu Te conheço!

MAGUS ASSISTENTE
Ó Tu, espada carmesim da destruição, que persegues os cometas do leito escuro da noite até que avancem adiante de Ti como línguas de fogo serpentino.

TODOS
Glória a ti através de todo o Tempo e através de todo o espaço: Glória e Glória sobre Glória, Eternamente. Amém e Amém e Amém.

MAGUS
Ó Tu, Mãe do sopro da vida, os seios cujo leite é como a fonte do amor, jatos gêmeos de chamas sobre o seio azul da noite. Eu Te conheço!

MAGUS ASSISTENTE
Ó Tu, Virgem dos bosques iluminados pela lua, que nos acarinha como uma gota de orvalho em teu colo, sempre vigilante sobre o berço de nosso destino.

TODOS
Glória a ti através de todo o Tempo e através de todo o espaço: Glória e Glória sobre Glória, Eternamente. Amém e Amém e Amém.

MAGUS
Ó Tu, Guia Soberano dos rodopiantes círculos das estrelas, cujas solas dos pés golpeiam plumas do fogo da mais externa aniquilação do Abismo. Eu Te conheço!

MAGUS ASSISTENTE
Ó Tu, espada carmesim da destruição, que persegues os cometas do leito escuro da noite até que avancem adiante de Ti como línguas de fogo serpentino.

TODOS
Glória a ti através de todo o Tempo e através de todo o espaço: Glória e Glória sobre Glória, Eternamente. Amém e Amém e Amém.

MAGUS
Ó Tu, Soberano Sol Eterno de Toda a Percepção, que bebes as constelações do céu como um ladrão rouba um jarro de vinho antigo. Eu Te conheço!

MAGUS ASSISTENTE
Ó Tu, cortesã da alada luz da aurora, que me fazes cambalear com o beijo de Tua boca, como uma folha lançada às chamas de uma fornalha. Glória a ti através de todo o Tempo e através de todo o espaço: Glória e Glória sobre Glória, Eternamente. Amém e Amém e Amém.

Eles se ajoelham. Breve pausa. O MAGUS ASSISTENTE soa o sino.

MAGUS
Profundo, profundo é o teu sombrio Mar,
Esposa da eternidade!
Mãe, clamamos a ti:
Ouve-nos, Maut, Mãe!

MAGUS DO FOGO
Beleza, vida e amor!
Deixa voar a tua amada pomba!
Curva-te para nós aí de cima, Dama Ahathor!

MAGUS ASSISTENTE
Virginal rainha da Terra,
Amor tardio, último nascimento,
Liberta, liberta o nascimento dourado,
Néftis, a coroada!

TODOS
Soai, sistro, soai ao longe!
Brilhe, brilhe, ó estrela da alvorada!
Flameje, flameje, ó meteórico Gar!
Ísis, Nossa Senhora!

Todos se erguem.

MAGUS
Ó Tu, Mãe da respiração da vida, os seios cujo leite é como a fonte do amor, jatos gêmeos de chamas sobre o seio azul da noite. Eu Te conheço!
Ó Tu, Virgem dos clarões da lua, que nos acarinha como uma gota de orvalho em teu colo, sempre vigilante sobre o berço de nosso destino.

MAGUS ASSISTENTE [333-333-333]

MAGUS
Salve, Ísis! Salve!

SOROR LUNA [de forma recitativa]
EU SOU TUDO O QUE FOI, E TUDO O QUE É, E TUDO O QUE SERÁ, E MORTAL ALGUM ERGUEU MEU VÉU.

TODOS
Salve Ísis, Nossa Senhora da Vida! Salve! Todos saúdem!

O MAGUS DO FOGO passa para o Leste, balançando o incensário, e ajoelha-se frente ao Altar. O MAGUS e o MAGUS ASSISTENTE aproximam-se, o último portando o incenso. O MAGUS joga incenso no incensário, e ele e o MAGUS ASSISTENTE voltam a seus postos.

O MAGUS DO FOGO eleva o incensário.

MAGUS ASSISTENTE
Coroai-A! Ó, coroai-A com estrelas qual flores para um adorno virginal!

MAGUS
Coroai-A! Ó, coroai-A com a Luz e as chamas da impetuosa Espada descendente!

MAGUS ASSISTENTE
Coroai-A! Ó, coroai-A com Amor para a donzela, a mãe e a esposa!

MAGUS
Saudações a Ísis! Salve! Pois Ela é a Senhora da Vida!

O MAGUS DO FOGO ergue e carrega o turíbulo para o Altar do Incenso. TODOS se sentam em Asana.

MAGUS
A KA DUA
TUF UR BIU BI A’A CHEFU
DUDU NER AF NA NUTERU

Este Mantra é cantado pelo MAGUS e seguido pelo MAGUS ASSISTENTE, e todos os presentes, e é repetido continuamente com velocidade e altura crescentes, até que o MAGUS fique satisfeito com todos unidos na Divina Harmonia. Durante a repetição, todas as luzes são diminuídas até que reste somente a lâmpada azul sobre o Altar e as velas queimando.

Na conclusão, o MAGUS ASSISTENTE toca uma vez, alto, o sino. O MAGUS DO FOGO toma o turíbulo e passa para o Leste, colocando-o sobre o Altar. Ele, então, vai para o Norte, tomando o lugar do MAGUS ASSISTENTE, que avança para o Oeste do Altar, virando-se para o Leste. O MAGUS e o MAGUS DO FOGO sentam-se em Asana. O MAGUS ASSISTENTE ajoelha-se e coloca o incenso no turíbulo, e recita:

MAGUS ASSISTENTE
Mãe da Luz, e dos Deuses!
Mãe da Música, desperta!
Silêncio e Discurso estão em conflito:
O Céu e o Inferno estão em jogo.
Pela Rosa e a Cruz eu conjuro;
Eu contenho pela Serpente e pela Espada;
Sou aquele que é jurado a suportar ⎯
Traga-nos a palavra do Senhor!
Pela ninhada dos Abismos
Iluminantes, cujo Deus foi meu senhor;
Pelo Senhor da Chama e do Relâmpago,
o Rei dos Espíritos do Fogo;
Pelo Senhor das Ondas e das Águas,
o Rei dos exércitos do Mar,
A mais bela de todas cujas filhas foi mãe para mim;
Pelo Senhor dos Ventos e das Brisas,
o Rei dos Espíritos do Ar,
Em cujo seio a infinita facilidade lá me acalentou;
Pelo Senhor dos Campos e das Montanhas,
o Rei dos Espíritos da Terra
Que nutriu minha vida em suas fontes
desde a hora do meu nascimento;
Pela Varinha e o Cálice eu conjuro,
pela Adaga e o Disco eu contenho;
Sou aquele que é jurado a suportar;
faz tua música novamente!
Eu sou o Senhor da Estrela e do Selo;
Eu sou o Senhor da Serpente e da Espada;
Revela-nos o enigma, revela!
Traga-nos a palavra do Senhor;
Como a chama do sol, como o rugido
do mar, como a tempestade do ar,
Como o tremor da terra ⎯ que
eleve como um presente, como uma maldição, como uma armadilha,
Por um engodo, por uma luz, por um beijo por uma
vara, por um chicote, por uma espada ⎯
Traga-nos o teu fardo de felicidade ⎯
Traga-nos a palavra do Senhor!

Ele se ajoelha. A Ave Maria é então cantada, suavemente, por SOROR LUNA, a Oeste do Templo, o em um aposento adjacente, acompanhada por um violino amortecido. Silêncio. O MAGUS ASSISTENTE ergue-se, repõe o incenso no turíbulo, e vai para o Sul do Altar, na posição do MAGUS, e retoma seu Asana. O MAGUS vai para o Leste do Altar e vira-se para o Oeste

MAGUS
Rolai pelas cavernas da matéria,
As fronteiras imutáveis do mundo.
Rolai, ó vagas selvagens do éter!
O Sistro é sacudido e ressoa!
O clamor é selvagem e sonoro,
Imenso na região da morte.
Vive com o fogo do Espírito,
Essência e chama do sopro vital!
Soai, ó soai!
Brilhai no mundo das trevas,
Onde os acorrentados tremerão e fugirão.
Brilhai nos céus do crepúsculo,
Porque a luz da alvorada está em mim!
Luz na testa, vida nas narinas
E amor no peito.
Brilha, ó estrela da aurora,
Tu, Sol do Grande Radiante!
Brilha, ó brilha!
Flameja pelo céu com a força
Das rodas do carro do Sol.
Flamejai, ó jovens dedos de luz,
No Oeste da manhã que se ergue!
Flameja, ó carro meteórico,
Pois meu fogo está exaltado em ti!
Iluminai a escuridão, anunciai a luz do dia
E despertai o mar!
Flamejai, ó, flamejai

O MAGUS vai para Oeste do Altar e coloca incenso no turíbulo.

MAGUS
Coroai-A! Ó, coroai-A com estrelas
qual flores para um adorno virginal!
Coroai-A! Ó, coroai-A com Luz
e as chamas da impetuosa Espada descendente!
Coroai-A! Ó, coroai-A com Amor
para a donzela, a mãe e a esposa!
Saudações a Ísis! Salve! Pois Ela é
a Senhora da Vida!

Ele se ajoelha. Breve pausa.

MAGUS
ÍSIS COROADA!

Todo se mantém em perfeito silêncio. Após uma pausa, o MAGUS ASSISTENTE toca o sino suavemente [333]. Após outra pausa, maior, ele toca novamente [333], e novamente após uma pausa ainda maior, [333]. Então, em outro aposento é tocada uma melodia simples, baixa, reduzindo o volume suavemente na conclusão.

SILÊNCIO.

O MAGUS ergue-se após uma longa Pausa. O MAGUS ASSISTENTE toca o sino, uma vez, alto.

MAGUS
GLORIA PATRI ET MATRI ET FILIO ET FILIAE ET SPIRITUI SANCTO EXTERNO ET SPIRITUI SANCTO INTERNO UT ERAT EST ERIT IN SAECULA SAECULORUM SEX IN UNO PER NOMEN SEPTEM IN UNO
ARARITA
AMN

O MAGUS volta para seu Asana. Silêncio por alguns minutos. Os Oficiais erguem-se e passam para fora do Templo. Então, todos partem em perfeito silêncio, aqui havendo luz suficiente apenas para permitir isso.


Posfácio

Caros Irmãos e Irmãs, 

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Gostaria de dar-lhes uns poucos comentários sobre o Rito de Ísis, o qual foi recentemente enviado para sua revisão. Foi-me dito que este ritual foi escrito por Charles Stansfield “Jesus” Jones Fra. Achad, Parzival, O.T.O. Xº, A∴A∴ 8º especialmente com o propósito de recrutamento para a O.T.O. Depois que Enotis leu isto para mim na noite passada, ficaram algumas coisas que gostaria de mencionar.

Antes de qualquer coisa, este ritual, para mim, exemplifica a Cerimônia Mágica de acordo com a fórmula Z.2. do sistema iniciático da G∴D∴. Ele baseia-se inteiramente neste modelo do início ao fim e, como tal, é um primoroso exemplo de magia cerimonial clássica tal como deve ser executara em minha humilde opinião. Isto não é inapropriado para a O.T.O., visto que uma antiga versão do Manifesto da ordem lista a “Ordem Hermética da Aurora Dourada” entre seus mistérios. Por que isto foi posteriormente removido, eu não sei, mas provavelmente foi por motivos políticos. No coração da Magick Thelêmica de Crowley está o sistema da Aurora Dourada. O “Liber O”, de fato, é completamente “tecnologia” da G∴D∴ tal como era. Até onde eu saiba, os Rituais do Pentagrama e o do Hexagrama, a fórmula vibratória, as formas-deuses, etc. não existiam do jeito que foram apresentados antes do trabalho da G∴D∴. Como muitos de vocês já sabem, Crowley reformulou a G∴D∴ na A∴A∴ para o Novo Eon, mas até onde posso dizer, o modelo básico de trabalho permaneceu. Eu trago estes pontos porque a correta execução do Rito de Ísis novamente, em minha humilde opinião depende do conhecimento dos procedimentos do supracitado “Liber O”. Outras inspirações sobre a magia cerimonial clássica podem ser obtidas pela comparação deste ritual com a fórmula Z.2 e as cerimônias de iniciação aos graus externos da G∴D∴ encontradas no “The Equinox, vol. I, no. 3-5: The Temple of Solomon The King”.

Enquanto que a fórmula Z.2 não seja o único modelo ritualístico efetivo, é um altamente polido e grandemente efetivo. Mesmo a Missa Gnóstica é baseada nele, ainda que incorpore fórmulas da Goécia e alegorias de operações alquímicas, etc. Uma vez que este ritual não vem com nenhuma instrução de apoio, caso alguém não esteja familiarizado com o que está acontecendo ou como executá-lo, posso oferecer algumas diretivas para sua execução. Em qualquer nível, estou muito excitado por realizar este trabalho e creio ser ele apropriado e muito representativo para a O.T.O. Se a Missa Gnóstica é um rito eclesiástico, este é, para mim, pura magia cerimonial e deve ser expressivo para a outra metade dos mistérios da O.T.O.: o rito da M∴M∴M∴, de certa maneira. A melhor parte é que não há regulamentos ou restrições para sua execução, de forma que pode ser feito publicamente sempre que você quiser, e qualquer um pode sentir-se livre para qualquer papel. Espero, entretanto, que como em qualquer ritual público, este seja executado com competência e com “alegria e beleza”.

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Fraternalmente seu,

Frater Iamblichus,
Mestre – Acampamento Bubastis, O.T.O.
Dalas, EUA