Considerações Gerais
A Ecclesia Gnostica Catholica representa o aspecto puramente eclesiástico da Ordo Templi Orientis. Ela traça suas origens desde a Église Gnostique Catholique fundada por Jean Bricaud, Gérar Encausse e Louis-Sophrone Fugarion em 1907, e foi estabelecida no sistema da O.T.O. por Theodore Reuss. Em 1913 Aleister Crowley escreveu sua principal cerimônia, a Missa Gnóstica — Liber XV, adotando o nome definitivo em latim. Em 1918, Reuss adota o rito oficialmente na E.G.C., proclamando-se “Soberano Patriarca e Primaz da Igreja Católica Gnóstica”, sendo sua tradução para o Alemão e publicação neste idioma considerado como a aceitação formal da Lei de Thelema pela Igreja e sua declaração formal de independência da Igreja Gnóstica Universal de Bricaud. Desta forma, a E.G.C. e a O.T.O. tornaram-se inseparáveis e a Missa Gnóstica, o ritual central da Ordem.
Ainda que as origens históricas da E.G.C. estejam ligadas ao revivalismo gnóstico cristão da França do Séc. XIX e.v., com a independência desta da Igreja de Bricaud (e de qualquer outra estrutura que não a própria O.T.O.) e sua aceitação da Lei de Thelema, a E.G.C. abandonou quaisquer ligações que tinha com o pensamento cristão. A teologia, doutrina e teoria sacramental da E.G.C. são baseadas nos princípios de Thelema como estrutura religiosa. Seus ritos e cerimônias, ainda que apresentem um grande sincretismo em suas formas (provenientes de uma grande variedade de culturas e sistemas religiosos) são fundamentalmente Thelêmicos. As doutrinas, teologia, cânones e leis das Igrejas Católicas Romana, Católicas Ortodoxas, Jacobitas, Gnósticas e suas variantes e sucessoras não operam dentro da E.G.C.
Associação
Há três subdivisões de associação à E.G.C.: o Clericato, o Laicato e a Congregação.
Clericato
O clericato é composto pelo Patriarcado da Igreja, a Primazia, o Bispado, o Sacerdócio, o Diaconato e o Noviciado.
- O Matriarcado/Patriarcado: O Patriarca ou a Matriarca da Ecclesia Gnostica Catholica, também conhecido(a) como Soberano Patriarca ou Soberana Matriarca, é sempre o Cabeça Externo da Ordo Templi Orientis, independente do país no qual a Igreja esteja operando. Todos os ritos e cerimônias oficiais estão sujeitos à sua aprovação. É a autoridade máxima dentro da E.G.C.
- A Primazia: Também chamados(as) de Bispos ou Bispas Dirigentes, é sempre o(a) Grande Mestre(a) Geral Nacional Xº de uma Grande Loja, supervisionando e controlando os assuntos da E.G.C. para aquela sessão nacional da O.T.O., sempre sob a autoridade do Patriarca ou da Matriarca, por quem é apontado(a) diretamente. Em países onde não há uma Grande Loja, este posto não é ocupado e o Patriarca ou a Matriarca da Igreja controla diretamente as atividades para aquela Sessão Nacional da Ordem.
- O Bispado: São homens (Bispos) e mulheres (Bispas) que foram reconhecidos pelo Patriarca ou Matriarca como possuindo poderes episcopais dentre os membros de Grau VIIº da O.T.O., que são exercidos em função do avanço da Lei de Thelema através de seu ministério. Possuem o poder e a autoridade para ordenar e supervisionar Sacerdotes e Sacerdotisas, Diáconos e Diaconisas, treinar membros em Noviciado, realizar Batismos, Confirmações, Casamentos e Réquiens (de acordo com a lei local). Possuem a responsabilidade de atuar como representantes oficiais da E.G.C. dentro da O.T.O.
- O Sacerdócio: Inclui tanto os Sacerdotes quanto as Sacerdotisas, homens e mulheres, possuidores do Grau de K.E.W., que foram reconhecidos pelo Patriarca ou Matriarca como possuidores de poderes sacerdotais, os quais são utilizados para o avanço da Lei de Thelema em seus ministérios. Têm o poder e a autoridade de celebrar Missas Gnósticas como representantes oficiais da E.G.C. dentro da O.T.O. e são supervisionados por um Bispo ou uma Bispa, podendo receber destes a autoridade para executar consagração de Diáconos e Diaconisas, Confirmações e Batismos, Casamentos e Réquiens (de acordo com as leis locais).
- O Diaconato: Diáconos e Diaconisas são assistentes consagrados dos Sacerdotes e Sacerdotisas, que podem receber esta ordenação quando estão no Grau IIº da O.T.O. e já sejam membros Confirmados da E.G.C. Têm o poder e a autoridade para assistir os Sacerdotes e Sacerdotisas na execução de seus deveres, coordenando com estes e estas seus deveres, sob a supervisão de um ou uma membro do Bispado. Membros do Diaconato não são considerados representantes oficiais da E.G.C.
- O Noviciado: Todo membro iniciado à O.T.O., de qualquer Grau, que já tenham sido Batizado(a) e Confirmado(a) na E.G.C. pode passar por um período de Noviciado para treinamento dentro dos ritos da E.G.C., sob a supervisão do Clericato. Sacerdotes Noviços, Sacerdotisas Noviças, Diáconos Noviços e Diaconisas Noviças podem participar da execução da Missa Gnóstica mas não são considerados representantes da E.G.C.
É muito comum que as pessoas entendam que o trabalho do Clericato da E.G.C. resuma-se à execução da Missa Gnóstica e aplicação dos Sacramentos. Contudo, isso é uma visão limitada de seu trabalho. Os clérigos e clérigas da E.G.C. são fortemente encorajados ao trabalho voluntário comunitário (conforme apropriado) e ao exercício de atividades junto à Congregação e ao Laicato. Essas tarefas são, geralmente, executadas na forma de instruções sobre os ritos da Ecclesia e seu Credo, apoio espiritual dentro dos parâmetros thelêmicos, condução de atividades comunitárias etc.
É importante entender que os membros do Clericato da E.G.C., ainda que possam exercer papel de lideranças comunitárias, não são vistos como guias espirituais, gurus, mestres religiosos ou qualquer coisa semelhante. O clérigo ou clériga da E.G.C. é mais entendido como um facilitador para que cada indivíduo alcance, conheça e realize seu caminho espiritual particular, não buscando estabelecer regras fixas, códigos de conduta ou noções pré-estabelecidas de certo ou errado. Não é função de nenhum membro do Clericato “salvar almas”, conduzir a qualquer tipo de “pós-vida” ou qualquer atitude semelhante. Qualquer clérigo ou clériga agindo assim está agindo contra a ética thelêmica em geral e da E.G.C. em particular.
O Laicato
Aos já batizados na E.G.C., é oferecida a Cerimônia de Confirmação, pela qual é concedido o ingresso na Igreja. Ao receber o Sacramento da Confirmação, a pessoa é reconhecida como um membro do Laicato da E.G.C. Membros leigos não possuem quaisquer privilégios ou autoridade dentro da E.G.C. O Batismo é aberto a qualquer pessoa maior de 11 anos mas não confere a condição de membro leigo. A Confirmação é aberta a todos os já batizados que tenham atingido a puberdade. O Batismo e a Confirmação de qualquer pessoa menor de idade requer a prévia autorização de seus responsáveis legais.
Membros do Laicato têm abertas para si todas as atividades da E.G.C., tais como participação na Missa Gnóstica como Crianças, instruções, Sacramentos etc. Também possui o direito à assistência espiritual do Clericato e convívio com os demais membros.
A Congregação
É considerada como um membro da Congregação qualquer pessoa que esteja presente à uma celebração da Missa Gnóstica durante a execução do rito, seja ou não uma pessoa iniciada à O.T.O. ou Batizada na E.G.C. Membros batizados na E.G.C. são considerados como membros da Congregação mesmo fora do ambiente de execução da Missa Gnóstica Contudo, ainda não são membros do Laicato e não possuindo, portanto, os mesmos direitos deste.