Por Onde Começar?

Faze o que tu queres será o todo da Lei.

Para quem está começando a conhecer Thelema é muito comum ficar perdido em meio a tantas informações, grupos e pontos de vista. Então fica a pergunta: por onde eu começo? Justamente para tentar ajudar neste ponto é que escrevemos este pequeno texto.

Em primeiro lugar, lembre-se que informação nunca é demais. Então, procure se informar o mais e melhor que puder sobre Thelema em si. Entender o que é esta filosofia / religião / religiosidade / modo de vida pode ser confuso justamente por não haver uma definição única e precisa sobre o assunto. Isso se deve ao fato de que basicamente tudo em Thelema está aberto à interpretação pessoal de cada Thelemita. Ou seja, não existem respostas prontas ou dogmas a serem seguidos.

Desta forma, é necessário preocupar-se bastante com a qualidade das informações que você está recebendo. Busque informações com fontes sérias (ainda que “sério” não signifique sem humor) e confiáveis. Fontes que pareçam estar mais preocupadas em autopromoção, arrumar confusões e brigas e coisas assim deveriam ser sempre evitadas. Também não confie em fontes que estejam buscando doutrinar você ou que se apresentem como donos da verdade definitiva.

Leia o máximo que puder, mas não apenas textos institucionais. Blogs, artigos e outros textos do tipo (vídeos também servem) onde experiências e opiniões pessoais sejam expostas podem dar a você uma visão mais pessoal sobre Thelema, algo mais prático e próximo ao dia a dia. E, dada a natureza de Thelema de não ser algo para se praticar isolada do mundo e sim em nosso cotidiano, isso pode ser bastante importante.

Também procure textos de autores consagrados. Ler o máximo que puder da obra de Aleister Crowley é muito importante, pois são os textos “canônicos” de Thelema. Mas esta não se resume só a ele. Muitos excelentes autores vieram depois, trazendo novos pontos de vista, novos conhecimentos, novas formas de se viver e praticar Thelema. Nomes como Lon Milo Duquette, Gerald Del Campo, James Wasserman, IAO123, David Shoemaker, Marcelo Ramos Motta e muitos outros merecem a sua leitura.

Mais ainda: não se prenda apenas ao viés de confirmação de Thelemitas falando bem de Thelema. Busque também a visão contrária, de autores que criticam Thelema. Pese essas informações de acordo com o seu bom senso e sua própria experiência de vida.

Uma dica a mais seria conhecer ao menos as bases de outros ramos do conhecimento de Ocultismo, tais como Cabala, Astrologia, Tarô, Yoga etc. Você está começando, então não precisa (ainda) de conhecimentos profundos nessas áreas. Porém ter ao menos um conhecimento básico delas vai ajudar a ter uma melhor compreensão dos textos sobre Thelema. E não se prenda a Thelema. Ela não surgiu do nada, mas sim em todo um contexto histórico e social. Recebeu muitas influências (e ainda recebe) de outras religiosidades e filosofias. Então, primeiro não se espante se encontrar, por exemplo, referências à Bíblia Cristã ou aos Sutras, por exemplo. Busque conhecer também um pouco de outras religiosidades e filosofias, sem preconceitos.

Com tudo isso, tendo uma compreensão melhor sobre o que vem a ser Thelema (novamente, você não precisa ser especialista no assunto), pare, reflita e decida se realmente é algo que você quer para você. Obviamente, não é como se, uma vez decidindo tornar-se um Thelemita, você nunca mais poderá voltar atrás e mudar de ideia. Claro que pode. Aliás, é bem comum que a vivência Thelêmica leve pessoas a encontrar seus caminhos de vida em outras religiosidades ou filosofias. Porém ainda é uma decisão séria e que pode, provavelmente vai, impactar em muitos ou quase todos os aspectos da sua vida. Então, não o faça por impulso e sim como o resultado de pesquisa e reflexão.

Agora, quanto a Ordens e Iniciações…

Em primeiro lugar, entenda que a Ordo Templi Orientis, ainda que seja a maior organização Thelêmica atualmente, não é, nem de longe, a única. Existem vários outros grupos, iniciáticos ou não, que têm em Thelema sua base de funcionamento. Outros ainda têm Thelema como uma parte de seu trabalho entre outros. E isso é ótimo! Diversidade é um dos pontos fundamentais de Thelema. Quanto mais pontos de vista, formas de viver e trabalhar Thelema, melhor.

Desta forma, se você se interessa por fazer parte de uma organização Thelêmica, procure conhecer o maior número possível delas. Entre em sites, redes sociais, converse com membros… Informe-se o melhor que puder. Só que aqui cabe o mesmo alerta sobre leituras. Use sempre o seu senso crítico. Pergunte-se se aquela organização está realmente realizando um trabalho sério ou não. Procure se informar sobre críticas a ela (sim, isso também vale para a O.T.O.) e como aquela organização reage às críticas. Apenas lembre-se de separar uma crítica, ou seja, uma argumentação embasada, de um ataque, de falácias, de alguém que só quer difamar ou está falando algo baseado em achismos.

Uma outra coisa importante acerca de organizações. Conheça o melhor que puder sua forma de trabalhar, suas propostas e seus fundamentos. Porque não adianta nada você entrar para uma organização que não tenha nada a ver com você. Quando, e se, decidir entrar em uma, escolha uma cujo perfil seja o mais semelhante possível ao seu.

E, acima de tudo, lembre-se do que disse o Lon Milo DuQuette:

Você não precisa pertencer a nenhuma organização para ser um magista Thelêmico.
Você não precisa ser um magista Thelêmico para obter iluminação.
Você não precisa obter iluminação para ser relativamente feliz nessa encarnação.
E você não precisa ser relativamente feliz nessa encarnação para realizar seu destino derradeiro.

Amor é a lei, amor sob vontade.