Sigilização: Uma Introdução

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Sigilos são os meios de guiar e unir a crença parcialmente livre com um desejo orgânico, seu transporte e retenção até sua finalidade servem ao “self” subconsciente, e seus meios do reencarnação ao ego. Todo o pensamento pude ser expresso por uma fórmula em uma relação direta. Sigilos são monogramas do pensamento, para o controle da energia… Um modo matemático de simbolizar o desejo e dar-lhe uma forma que tenha a virtude de impedir todo o pensamento e associação naquele desejo particular (no tempo mágico), escapando a detecção do ego, de modo que de não contenha nem carregue tal desejo a suas próprias imagens transitórias, memórias e preocupações, mas permite-lhe a passagem livre ao subconsciente.

Sigilos são feitos combinando-se as letras de um alfabeto simplificado. A idéia é obter uma forma simples que possa facilmente ser visualizado na vontade, e não possua demasiada relação pictorial ao desejo…

Agora, pelo virtude deste Sigilo você pode emitir seu desejo no subconsciente (que contém toda a força); o acontecimento é a realização do desejo pelo manifestação do conhecimento ou potência necessário.

Spare, A.O. O Livro do Prazer

Ou seja: sigilos são glifos, símbolos arquetípicos simplificados de desejos codificados. Podem ser pequenos desejos ou grandes, pouco ou muito definidos. Para melhor compreender todo o processo de criação e ativação de um sigilo, a leitura mais recomendada é o “Sigil Art”. Como bom Caoticista, vou simplificar a coisa aqui. Mas é claro que não podemos simplificar demais da conta, não? Deixa de ser magia e vira simpatia de tia velha.

De uma forma ou de outra, a melhor recomendação é seguir os passos propostos por Austin Osman Spare, Sombra do Grande ZOS. Depois, com experiência ganha, aprende-se a realizar os sigilos de forma a ter uma atuação mais rápida. Chega-se no ponto “bom” quando a criação de um sigilo passa a independer de meios físicos e todo o trabalho mágico passa a ocorrer no subconsciente. Neste ponto a canalização da energia é tão rápida e efetiva (uma vez que não encontra-se mais atrapalhada pelas barreiras do Ego) que seus resultados chegam a ser surpreendentes.

Obviamente, nada de tentar transmutar água em vinho com isso! Para tanto o processo mágico é outro. Mas dá para (citando exemplos que ocorreram comigo ou com amigos) evitar um assalto (mas não para parar uma bala), calar a boca de um bêbado no ônibus ou evitar uma fila enorme na porta de uma discoteca.

O básico do mais básico de sigilização seria o seguinte…

Comece criando uma frase simples que expresse de forma clara e inequívoca o seu desejo. Em geral este é o ponto mais difícil de toda a operação pois damos pouca atenção real a nossos desejos. Ou seja, sabemos o que queremos mas não de forma completa ou profunda o suficiente para podermos descrever este desejo de forma sucinta o bastante para caber em uma frase curta. Portanto, medite bastante antes de criar o sigilo. Quanto mais concisa a frase, melhor. Digamos que o seu desejo acabe resultando na frase: “PRECISO DE UM COMPUTADOR MAIS POTENTE”. Este desejo pode ser simplificado para “OBTER COMPUTADOR POTENTE”

Em seguida, limpe a frase, eliminando as letras repetidas, espaços, acentos, cedilhas, etc.·. “OBTERCMPADN”

Depois utilize agora as letras para formar um desenho, codificando desta forma o seu desejo. Repare que o desenho não deve ter um formato que lembre o desejo de forma alguma. Por exemplo, nada de tentar desenhar um computador com as letras (mas se conseguir envie-me o resultado que eu ainda estou tentando fazer isso). Como um exemplo, o desenho poderia ser algo assim:

Repare que não há a obrigatoriedade de letra alguma estar explicitada (por exemplo, o “D” tornou-se a parte superior do “O”).

4. Este desenho deve ainda ser simplificado mais e mais, até atingir uma forma elegante e clara. Elimine linhas que lhe pareçam desnecessárias à vontade. Não há a menor obrigação de manter o desenho das letras. Digamos que, ao final, nosso sigilo “informático” fique assim:

O importante é que seja uma forma simples que possa ser facilmente visualizada. Quanto mais trabalhamos na forma do sigilo, mantendo nossa mente longe do objetivo mais estamos conectando aquela imagem com as camadas mais profundas de nossa mente, que é onde o sigilo irá, de fato, atuar. Digamos que, ao final do processo, tenhamos obtido o seguinte resultado:

5. Completa a construção psíquica, a forma-sigilo simplificada, deve-se energizá-la, da seguinte forma (nas palavras de Spare):

[…] a consciência, a exceção do Sigilo, deve ser anulada; não confunda isto com a concentração. O vácuo é obtido esgotando a mente e o corpo por um meio ou por outro… No momento do vácuo ou exaustão extremos retenha somente em sua mente a visualização da forma do Sigilo, o qual eventualmente torna-se vago e a seguir desaparece. E o sucesso é assegurado.

Spare, A.O. O Livro do Prazer.

É claro que esta não é a única forma possível. Pode-se perfeitamente ir traçando no papel um monte de linhas aleatórias e depois ir retirando-se as que lhe pareçam “feias” até obter um glifo interessante, sempre mantendo em mente o desejo. E, não necessariamente, o sigilo precisa ser um desenho. Você pode muito bem transformar aquela “palavra” em um mantra, por exemplo.

Outra forma “clássica” de sigilização é feita com o uso de matrizes, onde uma série de linhas conecta as letras formando a “palavra”. Descarta-se, então, a matriz e fica-se só com o sigilo. Uma das mais famosas matrizes é a boa e velha Rosa Cruz, onde uma série de letras hebraicas é colocada nas pétalas da Rosa. Aí se pode usar tanto as letras hebraicas quanto sua transliteração:

Claro que se você é do tipo que faz cara de nojinho com “coisas do Velho Eon”, não quer usar um “símbolo cristista” ou outra coisa do tipo… Não tem problema. Crie sua própria matriz. Como esta por exemplo:

Ou, se você preferir quadrados, esta:

Então, por exemplo, usando esta última matriz, a quadrada, aquela nossa “palavra” ficaria assim (o traçado em vermelho):

(Por convenção, usam-se essas bolinhas para indicar o início e o final do traçado. Mas isso é só uma convenção mesmo. O sigilo é seu, use se quiser.)

O fundamental é que o desenho final não tenha relação com o desejo, ou seja, não pode de forma alguma lembrar ou representar o desejo.

Outro ponto fundamental é o que Spare chamou de “vacuidade”. Ou seja, nada de ficar concentrando-se naquilo. Muito pelo contrário! Devemos afastar a mente o mais possível de qualquer coisa, apagando da melhor forma os pensamentos, desejos e sensações conscientes. Isto abre um “canal” que permite a passagem do Sigilo de nossa mente consciente para o subconsciente, onde ele irá operar livre das restrições de nosso superego. Este desligamento não pode ser uma coisa direta. Nada de ficar em posição de lótus pensando “não vou pensar em um computador novo”. Isso não funciona. Atividades sugeridas: sexo, exercícios físicos, relaxamentos, emoções fortes, dança etc.

Devemos lembrar aqui que a Vontade deve ser, como dizia Crowley, pura e destituída da ânsia de resultados. Ou seja, em termos de sigilização isto significa que, após a operação mágica, devemos afastar de nossas mentes o desejo pelo resultado da mesma. Quanto mais nos afastarmos do desejo original mais garantido será o experimento.

A Magia de Sigilos é uma forma mágica fácil e simples, em seu método. Todavia a realização da mesma pode ser complexa pois estamos presos no ciclo de desejo pelo resultado. A abertura das “frestas mentais” e o “deixar para lá” são as partes mais difíceis, apesar de conectadas. De uma forma ou de outra, é um excelente exercício mágico e de vontade e deve ser utilizado como mais uma ferramenta disponível para o magista.

Existem, é claro, outras formas de sigilização, técnicas mais avançadas que usam um Alfabeto dos Desejos ou que criam sigilos mais… permanentes, como os Servidores, por exemplo. Mas isso é papo para outro dia.


Autor: Frater Konshu

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