Ramos, Ritos e Linhagens

Infelizmente, existem grupos de pessoas que querem utilizar-se de forma não autorizada do nome e dos símbolos da O.T.O. para criar seus próprios grupos. Muitas dessas pessoas utilizam-se para isso da justificativa de que a Ordo Templi Orientis não seria uma Ordem per se, mas um conceito ou algo semelhante, e que seus grupos seriam ramos da O.T.O. Ou então que a O.T.O., tal como acontece na Maçonaria, possuiria Ritos independentes entre si. Isso, porém, não é uma verdade.

A Ordo Templi Orientis, é uma Ordem real, não um conceito que pode ser apropriado por quem quer que seja. Inclusive, é uma organização legalmente registrada (inclusive com copyright de seu nome e símbolos), dotada de Estatutos e regulamentos para seu funcionamento. Portanto, não é sequer legalmente possível que alguém simplesmente comece a utilizar o nome ou os símbolos da Ordem, de forma não autorizada, para seus propósitos particulares, por mais bem intencionados que sejam.

A O.T.O. também não se divide em Ritos. Há apenas uma Ordo Templi Orientis e qualquer argumentação em contrário a isso ou está enganada ou está enganando, visto não haver nenhum argumento legal ou histórico para tanto.

Um outro erro que se comete em relação à Ordo Templi Orientis é quando se considera, na Ordem, a existência de linhagens. Uma linhagem, dentro do contexto de Ordens iniciáticas, representa uma linha de conexões entre mestres e aprendizes; e o mestre daquele mestre e assim por diante. Também pode referir-se a um determinado grupo dentro daquela Ordem que tenha sido formado a partir de um membro específico, considerado como fundador daquela linhagem (sendo que é comum que linhagens distintas possuem visões particulares do trabalho e conceitos daquela Ordem a partir do pensamento do fundador).

A questão é que o conceito de linhagens tem em seu fundamento a ideia de divisões conceituais presentes dentro de um determinado grupo, cada um funcionando como “uma ordem dentro da Ordem”. Tal coisa, porém, não acontece dentro da O.T.O., que é uma Ordem unificada.

Em primeiro lugar, não existem Mestres e Discípulos na O.T.O. Todas as pessoas dentro da Ordem são consideradas como igualmente capazes tanto de aprender quanto de ensinar algo a seus Irmãos e Irmãs, independente do Grau de quem esteja ensinando e de quem esteja aprendendo. Fora isso, não existe na O.T.O. uma hierarquia de comando trazida pelos Graus (a não ser em questões administrativas, quando para ocupar um cargo é necessário ter um determinado Grau), que permita que alguém se coloque na posição de tomar discípulos para si.

Em segundo lugar, cada Corpo Local – e mais, cada indivíduo – é livre para estabelecer seu próprio currículo de estudos, para além ou aquém dos sugeridos pela Ordem, seja individualmente ou em grupo. Não há obrigatoriedade de se seguir a forma de trabalho específica de um instrutor.

Finalmente, não há uma relação entre Iniciador e Iniciado dentro da O.T.O. Ainda que seja considerado função de um Iniciador ensinar e explicar os detalhes de um determinado Grau a todos que o possuem e desejem maior conhecimento sobre o mesmo, isso não gera vínculos entre eles. Um membro de Grau IIº, por exemplo, pode pedir instruções sobre esse Grau a qualquer Iniciador patenteado, tenha sido este o responsável por sua Iniciação ou não. Em adição a isso, uma pessoa pode ter vários Iniciadores diferentes ao longo de seus Graus na Ordem.

Por esses motivos acima apresentados, não é possível o conceito de linhagens dentro da O.T.O. Argumentar a existência das mesmas é apenas apresentar uma desculpa mal arranhada para tentar justificar, novamente, o uso indevido do nome ou dos símbolos da Ordo Templi Orientis para propósitos particulares.

É importante, contudo, entender que a O.T.O. não se julga como proprietária de Thelema e tampouco vê com maus olhos o estabelecimento de outros grupos thelêmicos. Muito pelo contrário, a Ordem entende que o estabelecimento de qualquer grupo que se disponha a trabalhar, estudar e viver Thelema é algo extremamente positivo. Porém entende-se também que o resguardar de sua própria identidade, seu nome, seus símbolos e seus ritos particulares são um direito de qualquer indivíduo ou organização; e jamais verá com bons olhos quando esse direito é, por qualquer justificativa, desrespeitado.